PSD diz que Costa parece ter chegado hoje, PM atribui a "incómodo" com autárquicas
4 de out. de 2017, 16:01
— Lusa/AO online
Na
sua estreia como protagonista pelo PSD em debates quinzenais, Hugo
Soares acusou António Costa de "fugir sempre às suas responsabilidades" e
não responder sistematicamente às perguntas que lhe são feitas no
parlamento. "O senhor é primeiro-ministro há dois anos, ter-se-á
preparado para ser primeiro-ministro. Cada debate parece que chegou hoje
e apresenta coisas novas como se não tivesse havido ontem e não é capaz
de concretizar", lamentou Hugo Soares, que tinha ao seu lado direito
Pedro Passos Coelho, um dia depois de ter anunciado que não se
recandidatará à liderança do PSD. O líder parlamentar
social-democrata referiu ainda, por diversas vezes, que o Governo
anterior "teve que pagar dívidas" deixadas pelos anteriores executivos
de José Sócrates, que Costa integrou. "Com toda a franqueza,
prefiro que ache que cheguei ontem do que olhar para si e parecer que
está cá desde o século passado. Se estão tão incomodados quatro dias
depois deve ter doído mesmo muito", respondeu Costa, numa referência aos
maus resultados do PSD nas autárquicas de domingo. O primeiro-ministro sublinhou que existe um grande contraste entre a bancada do Governo e a do PSD. "Enquanto
o Governo pode anunciar aquilo que lhe compete fazer, resolver
problemas hoje, Vossa Excelência ainda está a discutir um governo onde
participei e no qual deixei de exercer funções em 2007, está com dez
anos de atraso", criticou. O debate entre António Costa e Hugo
Soares até começou com uma troca de cumprimentos pela estreia como líder
parlamentar do PSD e pelos resultados autárquicos do PS,
respetivamente. Hugo Soares começou por se referir ao tema da
habitação, o escolhido pelo Governo para este debate, e acusou o
primeiro-ministro de trazer medidas novas ao parlamento, sem ter
cumprido outras já prometidas. "O senhor é melhor a anunciar
medidas em cinco minutos do que um bom carpinteiro a apertar pregos um
dia inteiro", ironizou Hugo Soares. No entanto, o
primeiro-ministro negou as acusações do líder parlamentar
social-democrata, dizendo que todas as medias anunciadas para a área da
habitação estão em execução, num total de perto de cinco mil milhões de
euros. Hugo Soares confrontou ainda o Governo com os problemas na
colocação de professores, acusando o primeiro-ministro de ter mudado as
regras do concurso a meio, e de um desinvestimento no setor da saúde,
com sucessivas greves anunciadas. Costa negou que as regras para
os professores tivessem sido alteradas a meio, apontando que há cerca de
cem professores insatisfeitos no universo total, o que considerou
"legítimo". "Há um problema de fundo que teremos um dia de tratar
com seriedade: como é que é possível haver uma carreira profissional, a
única da administração pública, onde de três em três anos, os
professores estão sujeitos a um regime de concurso universal que implica
uma alteração do seu local de trabalho", afirmou Costa. Na área
da saúde, Hugo Soares questionou em concreto o primeiro-ministro sobre
os critérios de duas nomeações feitas para o Hospital de Ovar, que
considerou deverem-se a serem quadros do PS. "Certamente a
competência, se não o ministro da Saúde não os teria proposto para
nomeação", respondeu Costa, dizendo que foi até uma das coisas boas
feitas pelo anterior Governo PSD/CDS a criação da CRESAP (comissão de
recrutamento e seleção para a administração pública). "Não confia na CRESAP, deixou de ser boa?", questionou.