PSD desafia primeiro-ministro a sair do "estado de negação"
Estado da Nação
20 de jul. de 2023, 16:52
— Lusa
O PSD desafiou hoje o primeiro-ministro a sair “estado de negação”,
com António Costa a devolver as críticas de empobrecimento aos
sociais-democratas e a reclamar-se responsável pelo “maior ciclo de
crescimento das últimas décadas”.“Se com
José Sócrates os portugueses conheceram a bancarrota socialista, com
António Costa os portugueses sofrem o empobrecimento socialista”,
criticou o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, na
primeira intervenção no debate sobre o estado da nação, o último debate
parlamentar antes das férias.O
social-democrata apontou como exemplos a duplicação das prestações dos
portugueses com os créditos à habitação, a “queda dos salários reais em
4% em 2022” ou o facto de metade dos pensionistas não conseguirem
comprar todos os medicamentos de que precisam.“Deixo lhe um repto: no estado da nação, abandone o estado de negação em que se encontra”, pediu Miranda Sarmento.Na
resposta, António Costa respondeu que, “goste ou não”, o partido do
empobrecimento tem sido o PSD, invocando declarações dos anteriores
líderes sociais-democratas a alertarem para os riscos da subida do
Salário Mínimo Nacional (SMN) pelo Governo socialista.“E
foi o seu o atual líder que disse aqui, quando era líder parlamentar em
2016, que com o aumento do SMN, eu ia ser o pai do quarto regaste do
país. O que temos sido é os pais e mães do maior ciclo de crescimento
nas últimas década”, contrapôs.Sobre o
problema da subida dos juros nos créditos à habitação, o
primeiro-ministro disse que o Governo está a estudar “novas medidas para
reforçar” as já adotadas para apoiar estes créditos e deixou um remoque
ao líder parlamentar do PSD.“Já varias
vezes fui criticado por pessoas da sua área política por criticar a
política do BCE, nunca o ouvi a si dizer uma palavra sobre a evolução
das taxas de juro”, notou.Numa
interpelação à mesa, Miranda Sarmento pediu que fosse informada a câmara
como é que o governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças
do Governo PS, Mário Centeno, tem votado esses aumentos, e voltou a
trazer os tempos da ‘troika’ ao debate.“Não sei se o senhor será o pai do quarto resgate, mas do terceiro é pelo menos o tio”, disse.No
final do seu tempo, Miranda Sarmento referiu-se às buscas judiciais da
semana passada a sedes do PSD e à casa do ex-líder Rui Rio, considerando
que a justiça é “um dos problemas mais graves que o país atravessa”,
deixando um repto que ficou sem resposta.“O
PSD não pactua com a impunidade, mas não vacila na defesa dos
princípios do estado de Direito. O que aconteceu na semana passada foi
muito grave, uma inversão daquilo que devem ser os papéis entre a
justiça e a política. Várias pessoas, de vários quadrantes políticos, já
se colocaram na primeira linha nesse combate, falta uma pessoa, que é
Vexa, sr. primeiro-ministro”, afirmou o líder parlamentar do PSD.Na
resposta ao PSD, em que nem gastou os cinco minutos de tempo previsto, o
primeiro-ministro não se referiu nem à justiça nem ao caso concreto das
buscas da semana passada.Miranda Sarmento
acusou ainda o Governo de cobrar cada vez mais impostos, mas sem
correspondência nos serviços públicos, que considerou estarem “em
colapso”.“O senhor faz um truque, com as
duas mãos tira aos portugueses em impostos e com uma mão, uma mão
cerrada socialista, devolve um poucochinho”, disse, lamentando ainda os
“casos, demissões e trapalhadas” do último ano.O
líder parlamentar do PSD defendeu que o seu partido já é alternativa ao
Governo e que, ao contrário do que disse o primeiro-ministro no seu
discurso inicial, “não pode dizer que o PSD não apresenta medidas”,
elencando várias em áreas como habitação, saúde ou impostos.“Podem
discordar de tudo mas não podem negar que o PSD tem feito contributos
importantes para a vida dos portugueses e desenvolvimento económico do
país”, afirmou.