PSD, CDS-PP e PPM nos Açores defendem isenção de contribuições sociais no setor agrícola
17 de mar. de 2022, 17:12
— Lusa/AO Online
Na
iniciativa legislativa apresentada, e a que a Lusa teve acesso, os
deputados defendem a criação, “no decurso do presente ano”, de “um
regime temporário de isenção” do pagamento de contribuições à Segurança
Social no setor agrícola, para o “aliviar” dos “encargos crescentes”,
beneficiando “os consumidores, ao evitar uma escalada nos preços dos
alimentos”.“Os produtores agrícolas em
Portugal em geral, e nos Açores em particular, passam presentemente por
muitas dificuldades devido a uma conjuntura internacional desfavorável,
resultante da subida acentuada nos preços dos fatores de produção e
combustíveis”, justificam.No documento, os
parlamentares notam que a isenção temporária está prevista na
legislação, nomeadamente no caso de “fenómenos de gravidade económica ou
social”, e que a aplicação do mecanismo é “da exclusiva competência do
Governo da República, sendo determinada por portaria da tutela da
Solidariedade e Segurança Social, desde que previamente autorizada por
resolução do Conselho de Ministros”.“Em
2015 e 2016, os XX e XXI Governos da República, reconhecendo as
dificuldades que os setores da produção de leite e de carne de suíno
então enfrentavam, determinaram a dispensa parcial ou total do pagamento
de contribuições para a Segurança Social por parte dos produtores”,
recordam PSD, CDS-PP e PPM.Aquela isenção está prevista “no Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial da Segurança Social”, indicam.Com
a iniciativa legislativa, os deputados pretendem ainda que a Assembleia
Legislativa da Região Autónoma dos Açores proponha ao Governo da
República “que o regime temporário abranja igualmente os cônjuges dos
produtores que com eles exerçam, de forma efetiva e regular, atividade
profissional na exploração”.Por outro
lado, os parlamentares querem que o parlamento regional solicite à
República que, no fim de 2022, o regime temporário “seja reavaliado face
à conjuntura económica nacional e internacional, de modo a aferir a
necessidade de uma eventual prorrogação”.Os
partidos da coligação de Governo açoriano destacam que “a bovinicultura
de leite é a produção agrícola que manifesta uma verdadeira dimensão
multifuncional nos Açores, pelo seu pendor social, com especial
incidência na criação de emprego e fixação de pessoas, especialmente
jovens, nas zonas rurais”.“A produção de
leite assume ainda uma importância acrescida nas ilhas e concelhos da
região mais ameaçados pelo despovoamento e em que a atividade agrícola
familiar permite contrariar essa tendência”, sublinham.Nos
Açores, prosseguem, “a produção de leite e a sua transformação
constituem um alicerce fundamental da economia regional, parte
integrante da maior cadeia de valor da Região Autónoma”.Os Açores, “com apenas 2% do território nacional, contribuem com 37% do toda a produção de leite em Portugal”, assinalam.Tendo
em vista “a salvaguarda do interesse económico e social deste setor, é
imperioso criar mecanismos de curto prazo que permitam atenuar o
problema que atualmente está a atravessar”, indicam.Isto,
“sem prejuízo da implementação de estratégias de desenvolvimento e
sustentabilidade da agropecuária dos Açores, que, conjugadas com as
políticas nacionais e europeias, terão impacto no médio e longo prazo”.De
acordo com os deputados, “o período crítico resultante do aumento da
despesa com os fatores de produção e os combustíveis começa também a
afetar a produção de carne (bovino, suíno e aves), hortícolas e
frutícolas, quer nos Açores, quer no resto do país”.Isto
está a afetar “os rendimentos dos produtores e, consequentemente, as
atividades conexas que, direta ou indiretamente, estão ligadas ao
setor”, acrescentam.