PSD, CDS e PPM querem criar comissão eventual açoriana sobre a gestão do mar
20 de mar. de 2024, 16:44
— Lusa
“O mar tem sido uma matéria conflituante,
quanto à gestão partilhada entre a região e a República Portuguesa, que
importa acompanhar e monitorizar, no quadro dos princípios e
competências da autonomia regional, em respeito pela soberania
nacional”, pode ler-se no projeto de resolução entregue no parlamento
açoriano.A proposta subscrita pelos três
partidos que formam o Governo Regional, liderado pelo social-democrata
José Manuel Bolieiro, refere-se especificamente à Lei de Bases do
Ordenamento do Espaço Marítimo, que define que a gestão dos recursos do
mar dos Açores e da Madeira é competência exclusiva do Estado, e apenas
remete para as regiões autónomas a possibilidade de auscultação.Os
proponentes lembram, segundo o Estatuto Político-Administrativo dos
Açores, os poderes reconhecidos ao Estado sobre as zonas marítimas sob
soberania ou jurisdição nacional, adjacentes ao arquipélago dos Açores,
“são exercidos no quadro de uma gestão partilhada com a região”, o que,
na prática, não tem acontecido.“Destas
prerrogativas não prescindimos enquanto região autónoma”, sublinham os
autores do projeto de resolução, que consideram ser também necessário
“encontrar os equilíbrios” entre a gestão e conservação das áreas
marinhas protegidas e a atividade piscatória no arquipélago.Os
três partidos dizem que o Governo Regional pretende “prosseguir o
esforço para recuperar a jurisdição” sobre as 200 milhas da Zona
Económica Exclusiva (ZEE) dos Açores e “participar no esforço de
monitorização” dos recursos marinhos, bem como na preservação do legado
ambiental e biológico do mar.A proposta,
que será discutida no plenário de abril da Assembleia Legislativa
Regional, pretende inventariar todas as iniciativas legislativas, atos e
acordos de cooperação entre a região e a República, realizar audições
consideradas convenientes e solicitar pareceres e estudos sobre a gestão
do mar dos Açores.Caso seja aprovada, a
nova comissão eventual (a primeira desta nova legislatura, iniciada em
fevereiro), será composta por três deputados do PSD, três do PS, um do
Chega e um do CDS, podendo também integrar deputados de outros partidos
(PPM, BE, IL e PAN).Terá um prazo de
vigência de um ano (eventualmente renovável por mais 12 meses), devendo
apresentar no parlamento um relatório final sobre o assunto.O
novo executivo regional, saído das eleições antecipadas de 04 de
fevereiro, não tem maioria absoluta no parlamento açoriano, mas viu o
seu Programa de Governo aprovado na passada semana, com os votos
favoráveis do PSD, do CDS e do PPM, a abstenção do Chega, da IL e do
PAN, e os votos contra do PS e do BE.