PSD avança com cinco diplomas na educação e quer Governo a negociar tempo de serviço
22 de fev. de 2023, 09:42
— Lusa/AO Online
“O
PSD está preocupado com o que se está a passar com o setor da educação e
com o futuro da escola pública. (…) Passados sete anos de governação do
PS, nenhuma das questões de fundo que afetam a educação foram
resolvidas, só podemos concluir que a educação não é uma prioridade para
o Governo”, afirmou o deputado António Cunha, coordenador do PSD na
comissão parlamentar de Educação e Ciência, em declarações à Lusa.O
deputado social-democrata considerou que, nos últimos sete anos, “nada
existiu sobre a reestruturação da carreira, o recrutamento de
professores ou a desburocratização da carreira, sobre a formação inicial
de professores ou sobre como tornar esta carreira mais atrativa para os
jovens”.“É assustador que, no nosso país,
quase ninguém queira ser professor. Preocupa-nos, e de que maneira, a
bomba-relógio que será a falta brutal de professores nos próximos anos”,
disse, referindo que, nos últimos dois anos, há já “milhares de alunos”
que passam um ano inteiro sem professor a uma disciplina.Por outro lado, o deputado destacou a preocupação do PSD com a recuperação das aprendizagens após a pandemia de covid-19.“Ninguém
sabe como está a correr, os alunos estão ou não a recuperar as
aprendizagens? Não há resultados para serem comparados a partir de 2016,
todo o manancial de informação que o país tinha nas provas de final de
ciclo, o Governo acabou com isso tudo”, criticou.Por
isso, um dos cinco diplomas que o PSD leva hoje a votos – e o único com
a forma de projeto-lei – pretende reintroduzir provas de aferição, de
aplicação universal e obrigatória, no final do 4.º e do 6.º anos de
escolaridade (podendo as classificações obtidas ser utilizadas para
ponderar a classificação final, de acordo com a opção da escola ou
agrupamento de escolas) e eliminando as que existem atualmente no 2.º,
5.º e 8.º anos de escolaridade.Já quanto à
recuperação do tempo de serviço dos professores, matéria que continua a
dividir Governo e sindicatos, os sociais-democratas incluem o tema numa
resolução (sem força de lei), em que recomendam ao executivo um
conjunto de medidas urgentes no setor da educação, entre elas um
processo negocial com os professores “para que seja recuperado o tempo
de serviço em falta” e que crie condições “para eliminar as vagas de
acesso aos 5.º e 7.º escalões, um garrote que não existe noutros
escalões”. “Não nos intrometemos nas
negociações entre sindicatos e o Governo, mas achamos que tem de iniciar
um processo negocial com as estruturas para que se vejam as
possibilidades para recuperar o tempo de serviço em falta”, justificou
António Cunha.Para o deputado do PSD, as
mais recentes declarações do ministro da Educação, João Costa, de
abertura a “valorizações na carreira”, demonstram que esta posição do
PSD, bem como as manifestações e as greves no setor, "vão forçar o
Governo a sentar-se com os sindicatos”.“A
escola pública não pode continuar a viver este estado de sítio”, disse,
defendendo que essas medidas devem também passar por valorizar os
salários no início da carreira dos professores para a tornar mais
atrativa.O PSD apresenta ainda
recomendações ao Governo para reforçar “a eficácia, duração e
financiamento das medidas de recuperação de aprendizagens”, reduzir a
carga burocrática atualmente atribuída aos professores e para aumentar,
no Orçamento do Estado para 2024, a dotação para a Ação Social Escolar.“A
vida não está fácil para os portugueses e a Ação Social Escolar tem
como principal objetivo combater a exclusão social. O PSD recomenda uma
maior abrangência no número de alunos”, disse, exemplificando que,
atualmente, um casal com um filho em que os dois elementos recebam o
salário mínimo “não tem direito a qualquer comparticipação”.Além
dos cinco diplomas do PSD, também Iniciativa Liberal (IL) e Livre levam
ao debate de hoje projetos próprios sobre educação, num total de 12
iniciativas entre as três bancadas. Tal
como o PSD, a IL propõe a reintrodução das provas de aferição nos anos
finais de cada ciclo do ensino básico, reintroduzindo-as no 4.º e 6.º
anos, e recomenda ao Governo que alargue o plano de recuperação das
aprendizagens.Entre as resoluções, os
liberais pretendem ainda que seja feita uma reavaliação da decisão da
digitalização das provas finais de ciclo no 9.º ano de escolaridade, que
se verifique o cumprimento do programa de intervenção do edificado
escolar e que seja dada mais autonomia ao ensino particular e
cooperativo para a contratação de docentes.Já
o partido Livre levará a debate um projeto-lei que fixa números máximos
de alunos nas turmas do pré-escolar e dos vários graus de ensino -
entre os 18 e os 20 alunos, dependendo do ano de escolaridade (mas que
pode ser ainda mais reduzido por circunstâncias especiais) - e uma
resolução para que o Governo garanta a todos os docentes que sejam
colocados a mais de 60 quilómetros da sua residência “o pagamento justo
de ajudas de custo de habitação e de transporte”.