PSD acusa Governo dos Açores de tirar dividendos políticos da pobreza, executivo nega
15 de jan. de 2019, 17:13
— Lusa/AO Online
“Para
os socialistas dos Açores, a pobreza nunca será um grande problema,
pois para se manterem no poder, a prevalência da pobreza é a única
solução”, apontou o deputado social-democrata João Bruto da Costa, que
entende que o PS “gosta que os açorianos vivam de mão estendida” para
poder garantir o seu “abono eleitoral”.A
acusação, feita durante uma interpelação parlamentar suscitada pela
bancada do CDS-PP, sobre “pobreza e exclusão social” na região, gerou o
protesto das bancadas do Governo Regional e do PS, partido que sustenta o
executivo.
“Não admitiremos que em qualquer circunstância, qualquer deputado ou
dirigente político afirme que o PS e o Governo se alimentam da pobreza
para se perpetuarem no poder”, criticou Berto Messias, secretário
regional da Presidência para os Assuntos Parlamentares, garantindo que
“a realidade mostra exatamente o contrário”.André
Bradford, líder parlamentar do PS, considerou também “lastimável” que em vez do parlamento estar a
debater um tema importante como o da pobreza, esteja a discutir “o grau
de agressividade deste novo PSD”, que considerou ser um partido
“agreste” e “irritado com o facto de ser oposição”.A
troca de acusações entre socialistas e social-democratas originou novo
protesto, desta vez do deputado Paulo Estêvão, do PPM, que acusou a
presidente da Assembleia Regional, a socialista Ana Luís, de estar a
“favorecer” o PS e o Governo e, simultaneamente, a “prejudicar” os
deputados de outras bancadas. “Vossa
excelência permitiu que os trabalhos decorressem desta forma,
prejudicando gravemente quem já estava inscrito para o debate e
prejudicando, evidentemente, a condução dos trabalhos”, lamentou o
parlamentar monárquico.A
interpelação ao Governo dos Açores sobre pobreza, suscitada pelo CDS,
surgiu na sequência de um estudo efetuado pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE), revelado no final de 2018, que dá conta de que 31,5%
dos açorianos vive com menos do que o ordenado mínimo nacional.“Praticamente
um em cada três açorianos vive situações de inequívoca privação”,
lamentou a deputada Rute Gregório, do CDS, considerando que é uma “fraca
consolação” dizer-se que a região não está pior do que há algumas
décadas ou anos atrás, já que os Açores e a Madeira são as zonas do país
com maior risco de pobreza.A
secretária regional da Solidariedade Social, Andreia Cardoso, lembrou,
no entanto, que a pobreza “é um problema” que compete a todos resolver e
não apenas ao Governo Regional.“Trata-se
de uma luta que não é só do Governo, e que só será bem sucedida se
contar com o comprometimento de todos”, insistiu a governante.Para
o deputado Paulo Mendes, do Bloco de Esquerda, a manutenção das
situações de pobreza e de precariedade laboral nos Açores resulta, em
parte, da manutenção e fomento de programas ocupacionais e de estágio,
por parte do Governo socialista, dando como exemplo o programa EPIC
(Estágios Profissionais Integrados Contínuos).“Ou
seja, após um carrossel de programas ocupacionais, que arrastam a
situação de precariedade nos Açores, para quem procura emprego e não
consegue, o Governo ainda cria mais um programa, que atribui benefícios
às empresas que contratem esses trabalhadores”, criticou o parlamentar
bloquista, que entende que este não é o caminho certo para resolver o
problema.O
debate parlamentar sobre pobreza ficou também marcado por um outro
episódio, que envolveu dois deputados do PCP e do CDS, sobre questões de
pobreza e de outros problemas sociais, mas fora do âmbito regional.Em
causa, a acusação feita pelo comunista João Paulo Corvelo de que a
líder nacional do CDS, Assunção Cristas, se aproveitava da “sopa dos
pobres para sua promoção pessoal e política, à custa dos pobrezinhos”.Artur Lima, líder regional do CDS, não gostou da acusação e lembrou o PCP apoia regimes comunistas antidemocráticos.“O
senhor tenha vergonha e peça desculpa aos nossos concidadãos
madeirenses e do continente, que foram expulsos da Venezuela, que foram
perseguidos e assassinados”, insistiu o parlamentar centrista,
dirigindo-se ao colega comunista.