PSD/Açores viabiliza requerimento do PPM que adia discussão de proposta da IL
13 de out. de 2022, 15:26
— Lusa/AO Online
O deputado da
IL, sem poder de voto na Comissão de Economia, tinha pedido ao PSD, com
quem tem um acordo de incidência parlamentar, que votasse contra os
requerimentos dos parceiros de coligação no governo (CDS-PP e PPM) sobre
a criação da Agriazores, permitindo que a proposta fosse votada em
plenário antes da discussão do Plano e Orçamento da região para 2023,
agendada para novembro.A proposta do
CDS-PP, que requeria a audição presencial da Federação Agrícola dos
Açores, foi chumbada, com o voto contra dos social-democratas, mas a do
PPM, que solicitava um pedido de parecer sobre a iniciativa aos serviços
jurídicos da Assembleia Legislativa, acabou aprovada pelo PSD, depois
de o deputado da IL ter exortado o partido a votar a favor.A
Comissão de Economia da Assembleia Legislativa dos Açores decidiu que o
pedido de parecer tivesse caráter de urgência, mas aprovou uma
prorrogação de 15 dias para a emissão do relatório da comissão, o que
fará com que a iniciativa da IL não suba a plenário antes de dezembro.Em
causa está a criação da Agriazores, uma sociedade anónima de capitais
exclusivamente públicos, que visa substituir o Instituto Regional de
Ordenamento Agrário (IROA) e o Instituto de Alimentação e Mercados
Agrícolas (IAMA).No sábado, no plenário em
que foi reeleito como coordenador regional da Iniciativa Liberal, o
deputado único do partido nos Açores, Nuno Barata, admitiu rasgar o
acordo de incidência parlamentar se o PSD não inviabilizasse os
requerimentos dos parceiros de coligação."Caso
contrário, dar-nos-á a liberdade de irmos ao senhor presidente da
República dizer que não estão a cumprir o acordo de incidência
parlamentar, que não querem cumprir o acordo de incidência parlamentar e
que por isso dele nos libertamos", afirmou.Na
reunião da comissão de economia, o deputado Rui Martins, do CDS-PP,
considerou "pertinente" a audição do presidente da Federação Agrícola
dos Açores, defendendo que uma discussão "abrangente e plural" do
diploma.Nuno Barata, que não tem direito
de voto na comissão, lembrou, no entanto, que o diploma tinha estado em
consulta pública durante 30 dias e que tinham sido pedidos pareceres,
por escrito, a todas as associações agrícolas da região.Os
deputados social-democratas não intervieram no debate, mas acabaram por
votar contra, chumbando a proposta, que contou com os votos favoráveis
do CDS-PP e do deputado independente (ex-Chega) e a abstenção do PS.António
Vasco Viveiros, do PSD, justificou o voto alegando que a iniciativa já
tinha sido "suficientemente analisada com inúmeras audições na comissão"
e tinha estado em consulta pública durante 30 dias."O
plenário será outra oportunidade para a discussão, análise e
esclarecimento da iniciativa e será também a oportunidade para que todos
os partidos ou representações parlamentares possam apresentar propostas
de alteração ao diploma. Nesse sentido, parece-nos que não faz sentido
mais esta audição", apontou.Já o PPM
propôs um pedido de parecer jurídico aos serviços da Assembleia
Legislativa dos Açores, alegando que a iniciativa tinha suscitado um
"conjunto muito significativo de questões e dúvidas", apresentadas por
várias entidades nas audições, incluindo pelos trabalhadores do IROA e
do IAMA."Não se trata de nenhuma prática
no sentido de atrasar a votação do diploma em plenário, uma vez que é um
dos diplomas mais recentes da Comissão de Economia, que tem 14 ou 15
diplomas para agendar, e que existem sempre figuras regimentais que
permitem o agendamento potestativo", assegurou.O
deputado da IL alegou que todas as dúvidas presentes no requerimento do
PPM estavam "respondidas no próprio diploma" e que só uma leitura
"leviana" e "descuidada" podia levar a que fossem levantadas.Paulo
Estêvão alertou para o perigo de a proposta colocar em causa os
direitos dos 600 trabalhadores do IAMA e do IROA, questionando Nuno
Barata sobre os motivos da sua resistência ao parecer jurídico."Não quer, porque a sua interpretação está errada e prejudicará gravemente as empresas e os trabalhadores dos Açores", rematou.O
proponente já tinha assegurado que os direitos dos trabalhadores
estavam salvaguardados na proposta, mas acabou por exortar PS e PSD a
votar a favor do requerimento do PPM."Pelos
vistos parece que quem não tem dúvidas é o senhor deputado Paulo
Estêvão e nesse sentido eu vou exortar os grupos parlamentares maiores
que votem a favor do requerimento para que os serviços da assembleia nos
deem um parecer jurídico mais válido, mais profundo", afirmou.António
Vasco Viveiros, que tinha estado em silêncio até à votação, anunciou um
voto favorável, para que pudessem ser "esclarecidas" as dúvidas de
outros partidos."Votamos favoravelmente o
requerimento, mas não partilhamos as dúvidas em matéria de pessoal, pelo
histórico da região e pela experiência do que se passou na região, com
cerca de 3 500 trabalhadores de funções públicas [dos hospitais], que
passaram a estar integrados numa entidade pública empresarial, mas
mantiveram todos os direitos que tinham até essa altura", justificou.A proposta contou ainda com os votos favoráreis de CDS-PP e deputado independente e a abstenção do PS.