PSD/Açores requer debate de urgência sobre suspensão de cirurgias
7 de fev. de 2019, 17:36
— Lusa/AO Online
Na
nota enviada à imprensa, os sociais-democratas frisam querer apurar as
"responsabilidades políticas" do secretário regional da Saúde, Rui Luís,
na situação."Segundo
a direção clínica do Hospital do Divino Espírito Santo, as cirurgias
foram suspensas porque a tutela ignorou os sucessivos alertas para os
problemas da unidade hospitalar, continuando sem haver uma solução nos
cuidados primários e na comunidade que permita libertar as camas
ocupadas com casos sociais e de cuidados continuados", refere a nota do
partido.Para o
PSD/Açores, liderado por Alexandre Gaudêncio, "as graves consequências
desta situação para os utentes exigem o apuramento de responsabilidades
políticas, atendendo à denúncia feito pela direção clínica do hospital".O
HDES suspendeu as cirurgias programadas devido, entre outros motivos, à
"enorme pressão a nível dos internamentos", revela uma circular interna
a que a agência Lusa teve hoje acesso.No
texto, datado de 05 de fevereiro, terça-feira, e assinado pelo diretor
clínico do hospital, é referido que "as enfermarias de medicina mantêm
uma taxa de ocupação diária de 100% e um número nunca inferior a 18-20
doentes distribuídos nas enfermarias das especialidades” e os
"constrangimentos desta situação são sentidos diariamente", havendo
ainda nesta fase um "afluxo significativo" de doentes às urgências.Tal
tem gerado, prossegue o diretor clínico do hospital açoriano, "pressão
sobre os profissionais de saúde", aumento de "conflitualidade
interpares, interprofissionais e com os próprios doentes" e "degradação
da qualidade e segurança assistenciais" aos doentes.A
direção clínica e a administração do HDES dizem que têm "chamado a
atenção da tutela" há "mais de dois anos" para a necessidade de se ter
"uma solução nos cuidados primários e na comunidade de modo a que sejam
libertadas as camas ocupadas com casos sociais e de cuidados
continuados".Contudo,
prossegue a missiva, "continuam internados um número significativo de
utentes com alta médica a aguardar solução social".Nos
últimos dias, a situação agravou-se e foi comunicada à tutela, tendo o
diretor clínico, "em consciência e em concordância com o restante
conselho de administração", decidido manter a "suspensão de toda a
atividade cirúrgica dos programas de cirurgia adicional, de acordo" com
uma outra nota interna de 10 de janeiro, e aplicado uma norma de março
de 2018 suspendendo "a atividade cirúrgica programada nos moldes
contidos" nesse texto.Nessa
circular do ano passado, a que a Lusa teve também acesso, era decretada
a suspensão de "toda a atividade cirúrgica programada que implique o
internamento prolongado dos doentes", o que agora se repete.As
exceções à regra incluem casos de doentes que "estejam em tratamento e
cuja cirurgia já programada faça parte do processo terapêutico", doentes
com "patologia neoplásica prioritária e já agendados", "doentes já
internados e a aguardar cirurgia nas diferentes especialidades" ou casos
que impliquem "a vinda de cirurgião não residente" nos Açores ou
"material já requisitado do exterior".A
circular de 05 fevereiro não aponta uma data para o fim da suspensão
das cirurgias programadas, antes assevera que será retomada a atividade
do bloco operatório "assim que estejam garantidas as condições de
segurança e ultrapassados os atuais constrangimentos sentidos pelo
hospital".A Lusa contactou a secretaria regional da Saúde do executivo açoriano, que remeteu um comentário para momento posterior. O
debate de urgência sobre a suspensão de cirurgias no Hospital de Ponta
Delgada realiza-se na sessão plenária de fevereiro do parlamento
açoriano, que decorre na próxima semana na cidade da Horta, na ilha do
Faial.