Autor: LUSA/AO Online
“Na análise que fez à atual situação política, a Comissão Política
Regional vê com enorme preocupação a situação vivida nos últimos dias no
Serviço Regional de Saúde. O PSD/Açores entende que estes
acontecimentos põem em causa a relação de confiança que os açorianos
devem ter com a administração pública regional”, salientou, hoje, em
conferência de imprensa, António Almeida, secretário-geral do
PSD/Açores. O social-democrata leu um comunicado, na sequência de
uma reunião da Comissão Política Regional do PSD/Açores, realizada na
sexta-feira. António Almeida acrescentou que o partido vai
continuar a “acompanhar este caso com toda a atenção”, tendo em conta o
seu superior interesse público. A Polícia Judiciária (PJ)
anunciou na passada quinta-feira que deteve quatro homens por suspeitas
dos crimes de “corrupção ativa e passiva e associação criminosa”,
envolvendo organismos do Sistema Regional de Saúde dos Açores, na
sequência de uma investigação iniciada em 2015. Segundo a PJ, os
detidos, entre os 46 e os 57 anos, tinham "ligações profissionais às
áreas médica, de gestão e comercial", tendo sido constituídos arguidos
outros dois homens. O Ministério Público da Comarca dos Açores
informou que entre os seis arguidos estavam dois médicos, dois
empresários e dois funcionários ligados à administração
hospitalar/proteção civil, tendo sido também constituída arguida “uma
empresa de fornecimento de material médico e hospitalar". No
decurso da operação, designada Asclépio, que ocorreu nas ilhas de S.
Miguel e Terceira, foram realizadas 25 buscas, entre domiciliárias e não
domiciliárias, que envolveram "todo o efetivo de inspetores deste DIC,
dois inspetores da UNC3T e cinco magistrados", segundo o comunicado da
PJ. De acordo com a Polícia Judiciária, "estão, sobretudo, em
causa práticas ilícitas que visavam obter posições indevidas de
privilégio na realização de contratos de fornecimento de bens a
organismos prestadores de serviços de saúde, a troco de contrapartidas
pecuniárias e outras, lesivas do interesse público". Um dos
detidos, o delegado de saúde do concelho de Ponta Delgada, que foi
também diretor clínico do centro de saúde de Ponta Delgada até 31 de
agosto, foi exonerado na sexta-feira pelo secretário regional da Saúde. Por
sua vez, a presidente da Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel,
familiar de um empresário detido, renunciou, na sexta-feira, ao cargo,
para que não existissem dúvidas quanto à sua imparcialidade. Na
quarta-feira, o Governo Regional dos Açores emitiu uma nota a dar conta
das diligências da Polícia Judiciária, acrescentando que "a secretaria
regional da Saúde reforçou as orientações a todas as unidades orgânicas
do Serviço Regional de Saúde para o cumprimento reforçado e diligente de
todos os colaboradores no fornecimento de todas as informações e
elementos que sejam solicitados".