PSD/Açores diz que Governo Regional está a "empurrar com a barriga" situação da SATA
22 de set. de 2020, 15:47
— Lusa/AO Online
Em conferência de imprensa realizada em Ponta
Delgada, o social-democrata defendeu que o pedido do executivo de
prolongamento da data para prestar esclarecimentos à Comissão Europeia
indica "a sua incompetência para gerir os destinos" dos Açores "e a sua
mais do que evidente desonestidade política" perante os cidadãos.Os
"argumentos utilizados" para o adiamento, nomeadamente a
"descontinuidade geográfica e a covid-19" são, defende o PSD, "desculpas
esfarrapadas" e um "manifesto insulto à inteligência de todos os
açorianos, mesmo aqueles que são assumidamente socialistas"."O
Governo Regional não diz se é carne ou é peixe. Está remetido ao
silêncio e não presta contas aos açorianos", declarou Pedro Nascimento
Cabral, que disse ainda recear que o executivo "esteja somente à
procura, a qualquer custo, da sobrevivência eleitoral do partido que lhe
serve de base", o PS.Os Açores terão eleições regionais no dia 25 de outubro.Na
sexta-feira, o Governo dos Açores anunciou que a Comissão Europeia
aceitou prorrogar por um mês o prazo para a apresentação das informações
e comentários que tinha solicitado, no âmbito do processo de auxílio de
emergência ao grupo SATA.Recentemente,
Bruxelas indicou que Portugal tinha de provar que os três aumentos de
capital recentes na transportadora açoriana SATA não foram ajudas do
Estado, para se garantir a conformidade total do apoio de 133 milhões de
euros pedido recentemente.A posição de
Bruxelas surgiu em carta enviada pela vice-presidente executiva da
Comissão Europeia Margrethe Vestager, responsável pela política de
concorrência, ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos
Silva, a propósito da 'luz verde' de Bruxelas a um auxílio estatal
português de 133 milhões de euros à transportadora aérea açoriana SATA.O apoio consiste numa garantia de Estado a um empréstimo junto de entidades privadas.A
agência Lusa teve acesso à missiva, datada de 18 de agosto, aquando da
decisão do executivo comunitário, sendo que na ocasião foi também
referido que seria aberta uma investigação para avaliar o cumprimento
das normas comunitárias noutros apoios públicos à companhia.Na
investigação estão em causa três aumentos de capital realizados entre
2017 e 2020 e que vão injetar até 2023 perto de 130 milhões de euros na
transportadora.Portugal defendeu que o
Governo Regional dos Açores, como único acionista da SATA, atuou como um
investidor privado a operar em condições de mercado.O
país pode, todavia, invocar circunstâncias "excecionais e
imprevisíveis" cuja responsabilidade não poderia ser imputada à SATA
para justificar as injeções financeiras, reconheceu Margrethe Vestager.As
dificuldades financeiras da SATA perduram desde, pelo menos, 2014,
altura em que a companhia aérea, detida na totalidade pelo Governo
Regional dos Açores, começou a registar prejuízos, entretanto agravados
pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus, que teve um enorme
impacto no setor da aviação.O atual
conselho de administração da transportadora açoriana tomou posse em
janeiro e comprometeu-se a apresentar um plano estratégico e de
negócios até ao final do primeiro trimestre do ano, mas a pandemia da
covid-19 obrigou a uma reavaliação do documento.Em
julho, a SATA sublinhou que "o contexto provocado pela pandemia teve um
impacto muito significativo" e, devido à "paragem quase total da
atividade, foram implementadas todas as medidas possíveis ao dispor da
gestão, num cenário em que a preservação da empregabilidade era
fundamental".Nos próximos meses, nos
termos da regulamentação comunitária, a SATA irá, conjuntamente com o
Governo dos Açores e a Comissão Europeia, trabalhar no plano de negócios
que assegure a sustentabilidade económica e financeira do grupo e
garanta os serviços de interesse económico geral no transporte aéreo
interilhas e com o exterior.