PSD/Açores diz que Governo regional “esconde” finanças públicas
13 de dez. de 2017, 13:11
— Lusa/AO online
"A
Conta da região é como que um manual de falta de transparência,
apresentado com a chancela da governação socialista dos Açores. O
parecer do Tribunal de Contas (TdC) tem, por isso, o grande mérito de
destapar tudo aquilo que o Governo esconde sobre as finanças públicas da
região", advogou o deputado do PSD João Bruto da Costa, na abertura de
um debate na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores sobre a
Conta da região.Bruto
da Costa arrancou o debate de urgência pedido pelo PSD sobre a Conta da
região e o executivo regional, pela voz do vice-presidente Sérgio
Ávila, acusou o deputado social-democrata de "atirar frases fora do
contexto para tirar conclusões que não têm nada a ver com as matérias"."Não
é verdade de forma alguma que o Governo esconda qualquer informação do
TdC. Isso que fique muito claro. Isso nunca foi, não é, nem será
referido pelo TdC", realçou o membro do Governo dos Açores responsável
pela pasta das Finanças.Contudo,
Bruto da Costa, do PSD, insistiu que o parecer do tribunal é um
"alerta" que "vem confirmar a necessidade de serem dados passos
elementares em favor de um bom governo, na salvaguarda do interesse
geral, no aprofundamento da transparência e na melhoria do envolvimento
do parlamento e dos representantes do povo na fiscalização da atividade
governativa".E
concretizou: "O PS e o Governo não podem assobiar para o lado perante
as conclusões do TdC. (…) É hora de o senhor presidente do Governo e do
PS dizerem se vão pôr termo à impunidade política do senhor
vice-presidente ou se preferem continuar a ser cúmplices desta forma de
atuar que esconde informação aos açorianos sobre as contas públicas".O
vice-presidente do executivo, na resposta, declarou que "qualquer
debate que qualquer partido entenda fazer é e será sempre bem-vindo",
mas pediu uma discussão "séria e construtiva" e sem ataques pessoais.Depois,
Sérgio Ávila realçou os resultados orçamentais da região e sustentou
que os Açores têm neste momento uma dívida pública de 44%, que comparou
com os dados do continente (acima dos 130%), da Madeira (111%) e da
média da União Europeia (cerca de 90%)."É
perfeito? Não. Mas é muito, é substancialmente melhor que qualquer país
da União Europeia, melhor que o conjunto do país", advogou, antes de
valorizar outros indicadores como o crescimento da economia ou a redução
da taxa de desemprego no arquipélago.O
TdC manifestou recentemente "reservas sobre a legalidade e a correção
financeira" de valores apresentados na Conta de 2016 dos Açores e
alertou para as características da dívida, que "podem agravar o risco do
seu refinanciamento"."Sobre
a fiabilidade da Conta, o Tribunal emite reservas sobre a legalidade e a
correção financeira de alguns valores apresentados, bem como limitações
informativas na Conta, algumas das quais resultam do não acolhimento de
recomendações formuladas anteriormente", refere o parecer da entidade.Para
a "melhoria do processo orçamental e de prestação de contas", o TdC
formulou 23 recomendações, destacando que 15 são reiteradas.Aos
jornalistas, o presidente do TdC, Vítor Caldeira, esclareceu na ocasião
que, quanto à fiabilidade das contas, o Tribunal "emite um parecer com
reservas", pois "as contas e as demonstrações financeiras apresentadas
não contêm toda a informação necessária para determinar a posição, no
final do ano, dos ativos, dos passivos e das responsabilidades da
região".