PSD/Açores devia ter “marcado terreno” na coligação desde o início
9 de mar. de 2023, 17:19
— Lusa
“Vejo com preocupação
[crise política nos Açores], embora isso seja uma espécie de crónica de
uma morte anunciada, se não fosse o caso desta geringonça a cinco ainda
dar sinais de vida. O PSD devia ter marcado terreno desde o início, e
não o fez. Agora é bastante tarde”, afirma em declarações à agência Lusa
o antigo eurodeputado e reitor da Universidade dos Açores.O
Governo dos Açores, de coligação PSD/CDS-PP/PPM, perdeu na quarta-feira
o apoio do deputado único da Iniciativa liberal (IL) e do parlamentar
independente, deixando de ter maioria absoluta na Assembleia Legislativa
Regional.Vasco Garcia considera que, por
essas razões, o PSD “provavelmente não desejará eleições”, enquanto o PS
de Vasco Cordeiro “também não está seguro do resultado caso haja
eleições antecipadas, achando que é cedo para ir às urnas”.“Nenhum
deles, no fundo, está interessado em contribuir ainda mais para a
incerteza”, afirma Vasco Garcia, que aponta as dificuldades resultantes
da reestruturação do grupo SATA, a necessidade de executar o Plano de
Recuperação e Resiliência e a crise inflacionista e consequentes
dificuldades para as famílias e empresas.Vasco
Garcia considera que este “é um tempo de grande incerteza, e eleições
prejudicam todos, como os partidos, as pessoas e as empresas e a própria
autonomia” dos Açores.De acordo com o
também comentador político, a solução “terá que ser sempre parlamentar”,
sendo que esta situação política “vai conduzir ao arrastar de uma
situação semi-pântanosa para uma solução pastosa, pelo menos até
outubro, senão mesmo até às eleições europeias”. Para
Vasco Garcia, “por detrás da atitude de Nuno Barata (IL) existem outro
tipo de situações que terão que ver com a forma como o poder está
distribuído dentro da geringonça a cinco”, com o PSD “desproporcionado,
para menos, dentro do poder que tem nesta coligação”.O
militante histórico do PSD considera que “é evidente e exagerado o peso
que um partido como o CDS-PP tem dentro desta coligação” e que atribuir
a Artur Lima o cargo de vice-presidente do Governo dos Açores “é
evidentemente dar-lhe um poder que, do ponto de vista eleitoral,
manifestamente não tem”.Vasco Garcia apela ao bom senso e diz que “há que repensar a forma como o poder está distribuído dentro da coligação”.O
deputado da IL rompeu o acordo de incidência parlamentar que tinha
assinado com o PSD após as eleições de outubro de 2020, ganhas pelo PS,
justificando a decisão com o incumprimento dos sociais-democratas, tendo
sido seguido pelo deputado independente (ex-Chega) Carlos Furtado, que
também se desvinculou do acordo que tinha com a coligação.Os
três partidos que integram o Governo Regional (PSD, CDS-PP e PPM) têm
26 deputados na assembleia legislativa e contam agora apenas com o apoio
parlamentar do deputado do Chega, José Pacheco, somando assim 27
lugares num total de 57, pelo que perdem a maioria absoluta. A oposição tem agora 30 deputados, quando antes tinha 28.