PSD/Açores acusa Governo Regional de não cumprir legislação sobre Vale Saúde
15 de jan. de 2020, 16:23
— Lusa/AO Online
“O
que está na legislação é que, após a inscrição, qualquer doente tem
acesso, desde que seja ultrapassado o tempo máximo de resposta
garantido, e conta para isso a prioridade clínica e a antiguidade na
lista de espera cirúrgica, e isso não está a ser cumprido", declarou a
deputada social-democrata Mónica Seidi, numa declaração política no
parlamento, na cidade da Horta.A bancada
do PSD quis também saber por que razão o Vale Saúde - que permite aos
doentes que aguardam por uma cirurgia o recurso a uma clínica privada
quando for ultrapassado o tempo máximo de resposta do Serviço Regional
de Saúde - está disponível apenas para algumas especialidades e não para
todas.Na sua intervenção, a secretária
regional da Saúde, Teresa Luciano, destacou o aumento das cirurgias
realizadas no âmbito do Vale Saúde e das melhorias introduzidas no setor
na região."Relativamente ao Vale Saúde,
não há comparação, em relação aos anos anteriores, do número de vales
emitidos e do número de utentes operados nestas situações”, destacou a
governante, acrescentando que em apenas um ano houve também “mais 875
utentes operados” nos três hospitais do arquipélago.Teresa
Luciano garantiu ainda que “o Serviço Regional de Saúde está melhor e
recomenda-se”, dando como exemplo o aumento do número de profissionais
de Saúde, o crescimento de procedimentos clínicos, a redução de utentes
sem médico de família e a integração de 38 novos médicos internos,
grande parte dos quais na área de Medicina Geral e Familiar.Artur
Lima, líder da bancada do CDS, lembrou que o Vale Saúde foi uma
iniciativa aprovada no parlamento açoriano por proposta do seu partido,
mas admitiu não estar satisfeito com a atual gestão do programa.O
centrista aproveitou, no entanto, o debate parlamentar para denunciar
procedimentos que considerou ser “escandalosos” por parte da nova
Administração do Hospital da Terceira, que terá recusado administrar
medicação a doentes internados.“Não é
admissível que aconteça isto. Que um utente seja escorraçado da
urgência, não tenha direito ao seu tratamento, não tenha direito a um
antibiótico, que lhe foi prescrito no âmbito de um internamento, tendo
estado até nos cuidados intensivos”, apontou Artur Lima, que quis saber
que consequências este procedimento terá junto da administração
hospitalar, que considerou ser “incompetente”.A
secretária regional da Saúde não adiantou muitos pormenores sobre este
caso, afirmando apenas que o assunto está a ser investigado: “O hospital
instaurou um processo de inquérito e está a rever os procedimentos.
Quando tivermos as conclusões, mostraremos”.Dionísio
Faria e Maia, deputado da bancada do PS, criticou as “insinuações”
levantadas pelo PSD sobre a gestão do programa Vale Saúde, insistindo
que, mais do que nunca, o Serviço Regional de Saúde está a responder em
termos de produção cirúrgica, apesar do crescimento do número de utentes
que estão em lista de espera a aguardar por uma cirurgia. “Aumentámos,
como seria de esperar, a lista de inscritos em cirurgia. Porquê? Porque
aumentaram para cerca de um milhão as consultas efetuadas. O que
inferimos? Que temos mais respostas em saúde, fazemos mais diagnósticos,
atribuímos com mais facilidade graus de prioridade e operamos mais”,
sublinhou o parlamentar socialista.Paulo
Mendes, deputado do Bloco de Esquerda, considerou, por outro lado, que é
necessário clarificar se houve ou não “promiscuidade” na utilização do
Vale Saúde entre o Hospital de Ponta Delgada e a Clínica do Bom Jesus,
como denunciou, recentemente, Isabel Cássio, responsável nos Açores pela
Ordem dos Médicos.Já Paulo Estêvão,
parlamentar do PPM, anunciou, a esse propósito, que vai propor a criação
de um grupo de trabalho para analisar com pormenor a relação entre o
setor público e setor privado na utilização do programa Vale Saúde.