PS viabiliza projetos do CDS e PSD para revogar regime excecional que permite libertar reclusos
Covid-19
10 de nov. de 2021, 12:53
— Lusa/AO Online
O
projeto do CDS-PP propõe a cessação de vigência deste regime e o do PSD
a sua revogação vão ser discutidos quinta-feira no parlamento, num
agendamento potestativo dos centristas, e poderão ser votados no mesmo
dia.Fonte do Grupo Parlamentar do PS disse
à Lusa que os deputados socialistas vão viabilizar estes projetos, sem,
no entanto, especificar se votam a favor ou optam pela abstenção.Já o PCP vai votar a favor, indicou fonte oficial da bancada comunista.O
regime excecional de flexibilização da execução de penas e indultos a
presos devido à covid-19 foi aprovado em 08 de abril de 2020 na
Assembleia da República com votos contra de PSD, CDS-PP, Iniciativa
Liberal e Chega, com o PAN a abster-se.Na
semana passada, o líder do Grupo Parlamentar do CDS-PP anunciou o
agendamento potestativo (que dá direito à bancada de marcar a ordem do
dia) e argumentou que “não faz sentido nenhum o parlamento fechar os
seus trabalhos sem revogar este regime”.“A
nossa proposta, de resto, é uma proposta de três artigos, em que o
artigo fundamental é cessa o regime aplicável, portanto não é nada de
transcendente do ponto de vista do processo legislativo”, defendeu Telmo
Correia na altura, apontando que “se houver vontade” o assunto
resolve-se “com facilidade”.O deputado
apontou que este regime que tem “permitido que continuem a sair presos
das cadeias” já vai “muito para além até da previsão inicial”.“Este
regime foi feito a pretexto da pandemia, logo na primeira fase na
pandemia e para evitar uma situação que podia ser grave dentro das
cadeias”, indicou, salientando a percentagem de população vacinada
contra a covid-19, o facto de estarem “todas as medidas de restrição a
ser levantadas progressivamente” e “estando tudo a funcionar já com
algum grau de normalidade”.E apontou que a libertação do ex-ministro Armando Vara trouxe o assunto de volta à discussão pública. Também
o presidente do PSD, Rui Rio, tem sido crítico desta medida, recusando
perdões de penas devido à pandemia. Em junho, Rio acusou o Governo de
destratar a justiça e falou numa libertação de presos “em barda”.No
projeto que será discutido na quinta-feira, o PSD sustenta que a
verdadeira intenção do Governo, quando propôs a lei, foi "arranjar uma
forma de esvaziar as prisões portuguesas à boleia da pandemia". O
partido assinala ainda que neste a população reclusa "se encontra
vacinada" e não existem casos de covid-19 nas prisões, "continuando a
beneficiar reclusos mesmo quando a finalidade desta lei excecional se
encontra esgotada".Para o PSD, não causou
"perplexidade ou qualquer admiração" as notícias que, em junho deste
ano, "deram conta que a pandemia já libertou mais de 2.800 reclusos,
sendo que, de março a junho deste ano, terão sido libertados 119 presos
com base nesta lei.