PS vai votar contra Programa do Governo da coligação PSD/CDS/PPM
9 de fev. de 2024, 11:36
— Lusa/AO Online
“A decisão do
PS/Açores sobre a votação do Programa do XIV Governo Regional e a
orientação de sentido de voto que a esse propósito será transmitida ao
grupo parlamentar do PS na Assembleia Legislativa da região é a de voto
contra”, assumiu Vasco Cordeiro, em conferência de imprensa em Ponta
Delgada.A decisão foi tomada por
unanimidade nas reuniões do Secretariado Regional e da Comissão
Regional, órgão máximo entre congressos, realizadas na quinta-feira, em
Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.Por
lhe ter sido “entregue a função de principal partido da oposição” nas
legislativas regionais de domingo, a estrutura partidária entende ter a
obrigação de afirmar as diferenças do seu projeto político, honrando a
confiança depositada por mais de 41 mil eleitores."Há
política nacional a mais e Açores a menos na gestão que a coligação
PSD/CDS-PP/PPM e Chega estão a fazer da situação resultante das eleições
de 04 de fevereiro. Também por isso há a necessidade de tornar clara a
posição política que o PS/Açores assume face ao Programa do XIV Governo
Regional, porque fazê-lo já é um sinal claro de respeito pela autonomia
dos Açores, mas, não menos importante, a reafirmação evidente da
autonomia de decisão do PS/Açores", afirmou Vasco Cordeiro.O
dirigente considerou que “os apelos da coligação ao PS/Açores para, em
nome da estabilidade, viabilizar” o documento são “uma tentativa
desesperada de se livrar de alguém que politicamente, e para a
coligação, se tornou demasiado e incómodo”.Por outro lado, acrescentou, esta é “uma evidente armadilha política na qual só os ineptos ou ingénuos poderão ponderar cair”.Os
socialistas entendem que a sua viabilização do Programa do Governo
Regional os deixaria “automaticamente” com a “obrigação política” de
aprovar anualmente os Orçamentos dos Açores ou, no mínimo, condicionaria
a sua liberdade de decisão nessas votações.Nesse
caso, afirmou Vasco Cordeiro, haveria uma “subversão total e absoluta
da vontade” dos eleitores: “O principal partido da oposição passaria a
ser o Chega e o PS/Açores passaria a ser a muleta política do XIV
Governo Regional da coligação PSD/CDS/PPM.”No
entendimento do líder dos socialistas açorianos, "com os seus
silêncios, e mais uma vez as expressões dúbias ou dúplices", o PSD e o
Chega estão a tratar o futuro do arquipélago "não em função do interesse
dos açorianos, mas em função do que interessa aos diretórios nacionais
desses partidos", designadamente as eleições legislativas antecipadas de
10 de março.Questionado sobre um possível
acordo para a entrada do Chega no Governo Regional, o dirigente assumiu
ser essa a sua perceção: “Depois de 10 de março, tudo se vai resolver.”O
arquipélago, disse, vive uma situação de instabilidade política por
três motivos: a incapacidade de manter o apoio parlamentar ao executivo
na legislatura que agora termina (com o chumbo do Orçamento para este
ano, em novembro passado); o crescimento eleitoral do Chega, que se
“assume como o fiel da balança”; e a falha da coligação de direita em
atingir a maioria absoluta.Perante esta
“amálgama política”, os socialistas consideram uma arrogância que os
sociais-democratas não admitam ceder a qualquer chantagem do Chega, mas
pareça que o PS “deve ser obrigado a ceder à chantagem do PSD/Açores”.“A
bola não está do lado do PS. A bola está do lado da maioria de direita
que existe no parlamento dos Açores”, declarou, rejeitando falar, para
já, da posição do partido nas votações dos Orçamentos durante a nova
legislatura.Questionado sobre o seu futuro político, o atual deputado e ex-presidente do Governo Regional escusou-se a fazer comentários.Nas
eleições regionais de domingo, PSD/CDS-PP/PPM elegeram 26 deputados,
ficando a três da maioria absoluta. José Manuel Bolieiro, líder da
coligação de direita, no poder no arquipélago desde 2020, disse que irá
governar com uma maioria relativa nos próximos quatro anos.O
PS é a segunda força no arquipélago, com 23 mandatos, seguido pelo
Chega, com cinco mandatos. BE, IL e PAN elegeram um deputado regional
cada, completando os 57 eleitos.O Chega,
que em 2020 foi um dos partidos (além da IL) a assinar um entendimento
parlamentar para viabilizar a governação da coligação e em 2023 se
absteve na votação do Orçamento, afirma desde a campanha que o seu
objetivo é integrar um executivo, mas sem a presença do CDS e do PPM.