Autor: Lusa/AO Online
“Foi com total desagrado que, na sexta-feira, tomámos conhecimento, através de uma resolução do Conselho de Governo, de que o serviço público de transporte [marítimo] de passageiros e viaturas para a ilha de Santa Maria será simplesmente extinto, pelo menos durante os próximos dois anos, podendo mesmo chegar a três”, afirmou Bárbara Chaves, secretária coordenadora do PS/Santa Maria, citada em nota de imprensa.
Na sexta-feira, o Governo Regional divulgou, em comunicado, as deliberações do Conselho de Governo, em que foram aprovadas “as obrigações de serviço público” e autorizado o lançamento de um concurso público internacional “com vista à celebração do contrato de fornecimento do serviço público de transporte marítimo regular de passageiros e de viaturas” entre as ilhas do Faial, Pico e São Jorge e de passageiros entre as ilhas das Flores e do Corvo”.
Quanto ao transporte marítimo sazonal de passageiros e de viaturas, diz respeito, de acordo com o Conselho de Governo, às “ilhas do grupo central” (Faial, Pico, São Jorge, Terceira e Graciosa).
Ficam, assim, de fora deste concurso as ilhas do grupo oriental, São Miguel e Santa Maria, onde havia uma operação sazonal, e deixa de haver ligação marítima entre os três grupos (oriental, central e ocidental) durante o verão.
Para a deputada eleita pelo círculo eleitoral de Santa Maria, “apesar de ter aspetos a melhorar”, o serviço público de transporte marítimo de passageiros garantido pela Atlânticoline “era um caminho que estava a ser trilhado e que tinha o benefício claro de unir Santa Maria às outras ilhas, via marítima”.
“Compreendemos que, durante esta fase de pandemia, esse serviço não se faça, mas não podemos aceitar que, durante os próximos dois ou três anos, Santa Maria seja totalmente excluída desse serviço, que é um serviço público, que deve manter-se público e ao serviço de todos e sobre o qual, nós marienses, também o pagamos através dos nossos impostos”, acrescentou.
Bárbara Chaves considera que, com esta medida, o Governo Regional está a dizer que “Santa Maria não merece receber turistas via marítima, que a carga rodada que Santa Maria envia para outras ilhas não será possível, mas também que as famílias de Santa Maria não poderão ir a São Miguel e, comodamente, levar o seu carro”.
“Estamos ainda a dizer que os intercâmbios e as viagens feitas por centros de convívio de São Miguel, não vão poder acontecer; que os nossos festivais de verão não vão ter a adesão de outros anos, simplesmente porque a SATA não vai conseguir fazer voos equivalentes ao número de passageiros transportados via marítima em épocas de festivais”, acrescentou.
Para a deputada, isto implica ainda que “os jovens que utilizavam esse transporte para eventos desportivos durante o verão terão mais dificuldade em neles participar”.
Por outro lado, “que a logística de vinda das viaturas para o Rally de Santa Maria terá custos acrescidos, à semelhança do que acontece este ano”.
Bárbara Chaves refere ainda que “todo o investimento feito no cais ferry, no reforço dos pilares e melhoria no edifício, foram simplesmente em vão e que poderá acabar por se tornar um mono em plena zona portuária”.
Para
Bárbara Chaves, “esta exclusão” é “um forte retrocesso para ilha de
Santa Maria” e um “total desrespeito para com os marienses”, que o PS
não vai “deixar passar em claro”.