PS reafirma que não viabiliza Programa do Governo que agrava problemas nos Açores
13 de mar. de 2024, 18:21
— Lusa
Segundo o deputado socialista
Carlos Silva, o Programa do Governo, que hoje começou a ser discutido na
Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA), é “pouco
ambicioso” e de “mera continuidade”, o que “poderá representar um
agravamento da situação financeira da região que já é particularmente
difícil”.Na sua opinião, a situação poderá
“manter o baixo nível dos fundos comunitários”, ao contrário do que diz
o executivo, e “levar ao desperdício de valiosos recursos financeiros
que a região tem ao seu dispor”.“O PS não
pode viabilizar um programa de Governo que não só não resolve os
problemas, como também os agrava e de forma muito alarmante em algumas
situações”, afirmou.O socialista falava no
plenário da ALRAA, na cidade da Horta, na ilha do Faial, após o
secretário Regional das Finanças, Planeamento e Administração Pública,
Duarte Freitas, ter apresentado as linhas gerais do Programa do Governo
nas áreas que tutela.Para Carlos Silva,
nas intenções do executivo falta reduzir o défice orçamental e criar,
por exemplo, um mecanismo de pagamento de dívidas a fornecedores “a
tempo e horas”, como propõe o seu partido.Na
resposta ao deputado socialista, o parlamentar social-democrata Joaquim
Machado (PSD) observou: “Parece que a situação da região resulta só de
três anos do Governo de coligação”.“Relativamente
às finanças públicas, eu julgo que podemos fazer a seguinte conclusão:
Fizemos muito em pouco tempo e com poucos recursos. E temos uma linha de
rumo bem definida. Pagar o que se deve, não gastar mais do que temos e,
por isso mesmo, fazer opções. E uma das prioridades terá de ser não
comprometer o futuro da região”, afirmou.O
social-democrata acrescentou que o rumo do Governo PSD/CDS-PP/PPM “está
traçado e ele passa também por salvar” a companhia aérea açoriana SATA.“É
preciso salvar a SATA do descalabro de uma governação socialista que,
sobretudo de 2012 a 2020, arrastou a empresa para a situação financeira
que nós sabemos”, apontou.Joaquim Machado
observou ainda que a intervenção do deputado do PS tem coerência por
Carlos Silva dizer que “está sempre tudo mal”.Na
resposta ao social-democrata, Carlos Silva garantiu: “O PS nunca disse
que está tudo mal, mas também não pode renegar a dura realidade em que
vivem os açorianos”.“Não foi tudo mal
feito, mas, no que diz respeito às contas públicas, o trajeto percorrido
é preocupante (…) e isso tem consequências” e, acrescentou, em última
análise, quem sofre com isso são as empresas e as famílias.Na
ALRAA arrancou hoje a discussão do Programa do XIV Governo Regional,
cujo debate deverá estender-se até sexta-feira, segundo a ordem de
trabalhos.O novo Governo de coligação
PSD/CDS-PP/PPM, que tomou posse em 04 de março, na sequência da vitória
nas eleições regionais antecipadas de 04 de fevereiro, mas sem maioria
absoluta, tem a sua primeira ‘prova de fogo’ no debate e votação do
programa, pois caso seja reprovado com maioria absoluta implicará a
demissão do executivo.De acordo com o
Estatuto Político-Administrativo dos Açores, o debate do Programa do
Governo tem de ocorrer até ao 15.º dia após a tomada de posse do
executivo e a discussão em torno do documento “não pode exceder três
dias”.Até ao encerramento do debate,
qualquer grupo parlamentar pode propor a rejeição do programa do
executivo, sendo que a aprovação dessa rejeição com maioria absoluta
“implica a demissão do Governo”.A
coligação PSD/CDS-PP/PPM venceu as eleições regionais e elegeu 26
deputados, menos três do que os 29 necessários para obter maioria
absoluta, enquanto o PS elegeu 23 deputados, o Chega cinco e o BE, o IL e
o PAN um cada.