PS quer debates mensais com primeiro-ministro e Governo quinzenalmente no parlamento
7 de jul. de 2022, 10:37
— Lusa/AO Online
Esta
proposta de revisão do Regimento da Assembleia da República foi
entregue na quarta-feira à noite pelo vice-presidente da bancada
socialista Pedro Delgado Alves na Comissão de Assuntos Constitucional,
Direitos, Liberdades e Garantias.“Desejosos
de reforçar as possibilidades de escrutínio parlamentar da atividade
governativa, [o PS] revê-se a solução encontrada para a periodicidade
dos debates do Governo em plenário, que passa a ser quinzenal, com
alternância entre a presença do primeiro-ministro e dos demais
ministros, alargando o consenso em torno de um aspeto relevante e com
projeção externa significativa da atividade parlamentar”, salienta-se na
exposição de motivos do diploma da bancada socialista.Esta
solução de debates mensais com o primeiro-ministro coincide em linhas
gerais com a proposta do PCP, mas não com a do PSD e de outras bancadas.Na quarta-feira, o PSD anunciou que propôs o regresso dos debates quinzenais com o primeiro-ministro no parlamento.No
diploma, a que a Lusa teve acesso, os sociais-democratas propõem, entre
outras alterações, “a consagração dos debates quinzenais com o
primeiro-ministro recuperando o figurino que vigorou anteriormente, como
forma de acentuar a fiscalização parlamentar”.Em
julho de 2020, foram as bancadas do PSD e do PS que aprovaram sozinhas o
novo Regimento da Assembleia da República que, entre muitas alterações,
terminou com o modelo de debates quinzenais com o primeiro-ministro em
vigor desde 2008, substituindo-o por debates mensais com o Governo.De
acordo com o projeto do PS, o Governo comparece quinzenalmente para
debate em plenário com os deputados para acompanhamento da atividade
governativa.“O debate desenvolve-se em
dois formatos alternados a calendarizar pelo presidente da Assembleia em
articulação com o Governo, ouvida a conferência de líderes: Debate
sobre política geral, com a presença do primeiro-ministro; debate sobre
política setorial, com a presença do ministro com responsabilidade sobre
a área governativa sobre a qual incide o debate, fazendo o ministro
acompanhar-se dos secretários e subsecretários de Estado que o coadjuvam
no exercício das suas funções”, lê-se no diploma.Para
o PS, o debate sobre política geral deve ser aberto por uma intervenção
de um dos grupos parlamentares, em alternância, seguida de uma ronda de
perguntas dos demais partidos com representação parlamentar”.“O
debate sobre política setorial inicia-se com uma intervenção inicial do
ministro com responsabilidade sobre a área governativa sobre a qual
incide o debate, seguida de duas rondas de perguntas dos deputados”,
especifica-se.Neste capítulo, a bancada
socialista avança ainda com outra alteração: “Com vista à obtenção de
mais informação nas respostas, até à véspera dos debates, podem os
partidos políticos remeter por escrito ao Governo as questões que
pretendam suscitar ou indicar o tema global das respetivas
intervenções”.Na exposição de motivos do
seu diploma, o PS defende que o início da presente legislatura “convoca
uma reflexão sobre a necessidade de rever aspetos do recentemente
aprovado Regimento da Assembleia da República, integrando desde já o
labor interpretativo desenvolvido durante a XIV Legislatura [a anterior]
e acolhendo inúmeras sugestões recolhidas no decurso dos primeiros dois
anos da aplicação do novo regimento”.O PS
diz depois pretender “contribuir para o debate oferecendo soluções que
comportem melhorias ao trabalho parlamentar e que simplifiquem e
agilizem procedimentos sem perder o objetivo principal de assegurar o
reforço da sua qualidade”.Nesse sentido,
no projeto do PS, “são introduzidas alterações em matérias como os
agendamentos, arrastamentos de iniciativas, emissão de votos,
organização de debates, votações, processo orçamental, funcionamento das
comissões e recurso acrescido a meios de comunicação à distância,
beneficiando da aprendizagem que decorreu durante a adaptação dos
trabalhos parlamentares à pandemia da covid-19”.O
PS adianta ainda que propõe uma revisão do normativo relativo aos
grupos parlamentares de amizade, “sendo introduzida uma nova figura no
quadro das relações internacionais da Assembleia da República, os fóruns
bilaterais parlamentares, com vista a aprofundar os laços com
instituições parlamentares de países amigos de forma mais estruturada”.No
final da legislatura, com a guerra na Ucrânia, foi extinto de forma
súbita o Grupo Parlamentar de Amizade entre Portugal e Rússia, que era
presidido pelo atual secretário de Estado João Paulo Correia e que tinha
entre os seus membros o presidente do Chega, André Ventura.O
PS quer alterações nesta matéria: “Só podem constituir-se grupos
parlamentares de amizade com países com os quais Portugal mantenha
relações diplomáticas e que disponham de instituições parlamentares,
devendo assegurar-se a reciprocidade através da existência de grupo de
amizade homólogo”.“No final de cada sessão
legislativa é avaliada a constituição e subsistência de grupo
parlamentar homólogo ou a existência de motivos justificativos para a
sua não constituição”, propõe a bancada socialista.Em
relação a matérias de fiscalização do executivo, o PS pretende que os
ministros sejam “ouvidos em audição pelas respetivas comissões
parlamentares permanentes pelo menos quatro vezes por cada sessão
legislativa, entre elas se incluindo a audição na especialidade em sede
de discussão do Orçamento do Estado”.