PS pede demissão da presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória
4 de set. de 2023, 12:55
— Lusa/AO Online
“Tendo
em conta a insensibilidade social da presidente da câmara, ao mandar
para o desemprego tantas famílias, num momento social e económico de
tanta exigência, e tendo em conta a degradação política que se vive no
concelho, a senhora presidente deve demitir-se e permitir que os
praienses sufraguem estas opções políticas, que não constavam no
programa eleitoral apresentado pela coligação nas ultimas eleições
autárquicas”, afirmou o vereador socialista Berto Messias, citado em
comunicado de imprensa.A presidente do
município da Praia da Vitória, Vânia Ferreira, anunciou hoje, em
conferência de imprensa, que a autarquia iria internalizar até ao final
do ano a cooperativa Praia Cultural, integrando 91 funcionários e
despedindo 37, que se somam a outros 35 que já tinham aceitado rescisões
por mútuo acordo e a dois absorvidos por entidades externas.Berto
Messias manifestou-se contra a decisão, comunicada aos funcionários na
sexta-feira, alegando que o processo foi “muito mal conduzido e pouco
debatido” e que “até um piquete da Polícia de Segurança Pública foi
chamado para a porta do edifício municipal onde os despedimentos foram
anunciados”.Segundo o socialista, o
despedimento de 37 funcionários da cooperativa ocorre “à revelia dos
órgãos autárquicos locais” e demonstra “uma insensibilidade social
atroz”.Também o processo de rescisões por
mútuo acordo foi criticado pelo dirigente do PS da Praia da Vitória, que
denunciou que “essas pessoas foram pressionadas e chantageadas a
assinar rescisões”.A presidente do
município defendeu que os despedimentos eram “inevitáveis”, porque
poderia estar em causa o pagamento de salários, de compromissos
bancários ou de dívidas a fornecedores, mas Berto Messias acusou-a de
faltar à verdade.“Afirmar que não tem
condições financeiras para pagar os ordenados é uma falsidade. Então
porque não pode pagar ordenados em 2023, se os pagou em 2022? A
prioridade deveria ser reorganizar recursos com base no plano de ação
para o futuro, definindo que não permitiria qualquer despedimento, mas
sim a valorização dos recursos humanos que tanto têm dado ao concelho”,
apontou.O vereador disse que “em nenhum
momento na campanha eleitoral a atual presidente da câmara municipal
referiu que tomaria estas medidas” e salientou que Vânia Ferreira não
pode afirmar que “desconhecia a situação financeira do município”,
porque as contas são públicas e debatidas anualmente nas assembleias
municipais.Berto Messias acusou ainda a
autarca de “incapacidade” para implementar um plano estratégico de
futuro, vincando que “foram perdidos” fundos externos, disponíveis no
Plano de Recuperação e Resiliência ou acertados e protocolados com
executivos anteriores com o Governo da República e o Governo Regional.“Todas
as semanas sabemos de episódios que evidenciam a degradação e
fragilidade deste executivo, que empurram a Praia da Vitória para uma
perspetiva de falta de futuro e de ambição, que muito nos preocupa. É
por isso tempo de haver eleições e de permitir que os praienses se
pronunciem sobre estas opções”, reiterou.O executivo
municipal da coligação PSD/CDS-PP, que tomou posse em 2021, admitiu a
possibilidade de despedimentos na cooperativa na sequência de uma
auditoria às contas do denominado grupo municipal (câmara municipal,
Praia Cultura e Praia Ambiente), que identificou um passivo de 33,2
milhões de euros.A autarca prevê apresentar, até ao final de setembro, um plano de ajustamento municipal ao Fundo de Apoio Municipal.