PS, PAN e IL pedem intervenção de Representante da República após divisões no Chega/Açores
15 de jul. de 2021, 15:51
— Lusa/AO Online
Vasco
Cordeiro, líder parlamentar do PS, disse aos jornalistas, à margem do
plenário, reunido na cidade da Horta, que o representante da República
para os Açores "não pode ficar quieto e calado" perante as alterações
nos pressupostos que levaram à indigitação do Governo de coligação (PSD,
CDS e PPM), com o apoio do Chega e da IL. Carlos
Furtado, eleito deputado pelo Chega nas legislativas regionais de
outubro de 2020, passou na quarta-feira à qualidade de independente,
depois de André Ventura, líder nacional do partido, lhe ter retirado a
confiança política.Furtado
prometeu manter, como independente, os acordos de incidência
parlamentar que o Chega assumiu após as eleições regionais, com o atual
governo de coligação PSD, CDS e PPM. O PS venceu as eleições legislativas regionais, mas perdeu a maioria absoluta que detinha há 20 anos, elegendo 25 deputados.Com
o apoio dos dois deputados do Chega e do deputado único do IL, a
coligação de direita somou 29 deputados na Assembleia Legislativa dos
Açores, um número suficiente para atingir a maioria absoluta, o que
levou à indigitação de José Manuel Bolieiro como presidente do Governo
Regional, no dia 07 de novembro de 2020.Para
Vasco Cordeiro, “basta ler aquele que foi o comunicado do senhor
representante da República, no dia 07 de novembro de 2020, sobre a
indigitação do presidente do Governo Regional, para perceber que, toda
esta instabilidade política, que já se verificava, mas que se agrava
agora, obriga a que ele não possa ficar nem quieto, nem calado”. O
deputado do PAN, Pedro Neves, exige também uma clarificação por parte
do Representante da República para os Açores perante a passagem à
condição de independente de um dos dois deputados do Chega no
arquipélago, que eram, até agora, fundamentais para garantir o apoio
parlamentar ao Governo de José Manuel Bolieiro. “O
representante da República tem de, oficialmente, ouvir os partidos, ou
então dar a sua opinião, coisa que ainda não fez”, lamentou o deputado
do PAN.Para o eleito pelo PAN, “se não houver uma consolidação governamental” a região tem “ir a votos”. Quem
também não receia a realização de eleições legislativas antecipadas é o
deputado da Iniciativa Liberal (IL), Nuno Barata, que defende
igualmente a intervenção da representante da República na clarificação
do atual cenário parlamentar. “Até
por respeito institucional, acho que deve ser devolvida ao senhor
representante da República a palavra. E, se o senhor representante da
República entender, que seja devolvida a palavra aos açorianos”,
explicou Nuno Barata.“À
Iniciativa Liberal não assusta a democracia nem a liberdade”, garantiu,
quando questionado sobre a possibilidade de novas eleições. António
Lima, do Bloco de Esquerda, lamentou que a estabilidade política na
região esteja dependente de partidos como o Chega e de figuras como
André Ventura, líder nacional daquele partido, que acusa estar a
aproveitar a situação que se vive nos Açores para alimentar “guerras
internas” com a direita nacional.
“O problema é que vemos o Governo e a maioria mais preocupados com a
sua vida interna do que com os problemas da Região. Também nos preocupa,
como é óbvio, que a estabilidade política nos Açores esteja dependente
de uma pessoa que nem está cá e que está obviamente mais preocupada com
as guerras internas da direita nacional e que utiliza os Açores como uma
mera carta para jogar nas suas batalhas políticas”, lamentou o deputado
bloquista. Opinião
contrária têm os partidos que formam o Governo de coligação (PSD, CDS e
PPM), que recusam a ideia de qualquer instabilidade governativa na
Região.Pedro
Nascimento Cabral, líder parlamentar do PSD, entende que não se
justifica que o representante da República venha a terreiro
manifestar-se sobre um problema que não existe. “O
representante da República ouve os partidos políticos a seguir a um ato
eleitoral. A partir daí, quem tem a responsabilidade de conferir uma
estabilidade ao executivo para governar é a Assembleia Legislativa dos
Açores”, defendeu o deputado social-democrata, acrescentando que o
parlamento açoriano “não deu qualquer sinal de instabilidade” até agora.
Rui
Martins, do CDS, que considera não haver razões para o representante da
República se pronunciar sobre esta mudança no xadrez político da região,
que acaba, na sua opinião, por não ter influência no apoio parlamentar
ao Governo de coligação. “O
acordo é assinado, institucionalmente, por um partido [Chega]. Também
não ouvi qualquer declaração a dizer que esse acordo, de alguma forma,
não estaria válido”, lembrou o deputado centrista, ressalvando que o seu
partido não vê qualquer clima de instabilidade” com a passagem a
independente de um dos dois deputados do Chega. Opinião
idêntica tem Paulo Estêvão, do PPM, que recorda que o Governo Regional
vai continuar a ter o apoio parlamentar da maioria, até porque o
deputado Carlos Furtado já manifestou publicamente que irá assumir,
enquanto deputado independente, os compromissos anteriormente assumidos
pelo Chega. “Não
há nenhuma alteração em relação ao apoio que o Governo tinha. Continua a
ter exatamente o mesmo apoio, com uma diferença: no último Orçamento e
Plano, o PAN absteve-se e, por isso, aumentou o apoio ao Governo”, disse
o deputado monárquico, considerando que “não há razões” para criar
“crises artificiais”. Apenas
José Pacheco, deputado único do Chega, recusou comentar, em declarações
aos jornalistas, a alegada instabilidade governativa provocada pela
saída do seu ex-colega de bancada. O PS venceu as eleições legislativas regionais, mas perdeu a maioria absoluta que detinha há 20 anos, elegendo 25 deputados.PSD,
CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo
de governação. A coligação assinou ainda um acordo de incidência
parlamentar com o Chega e o PSD um acordo de incidência parlamentar com o
Iniciativa Liberal (IL).