PS/Madeira reitera que não aceita novo Governo Regional antes de eleições antecipadas
1 de fev. de 2024, 09:45
— Lusa/AO Online
"Porque
tem o PPD-PSD medo das eleições? Será que tem medo do povo madeirense?
Será que tem medo de perder o poder e com isso possam vir a ser
descobertos novos factos e novos podres da sua governação à frente da
nossa região”, questionou o líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, no final
da reunião da comissão política, que decorreu na sede do partido, no
Funchal. Os socialistas analisaram a crise
política que assola a região autónoma na sequência da investigação de
corrupção envolvendo os presidentes social-democratas do Governo
Regional, Miguel Albuquerque, e da Câmara do Funchal, Pedro Calado,
sendo que ambos já apresentaram a renúncia aos cargos. Miguel
Albuquerque foi constituído arguido e Pedro Calado foi detido,
juntamente com líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o
principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia,
Custódio Correia.“O PS/Madeira não aceita
uma nova formação de um Governo [Regional] com este quadro parlamentar”,
afirmou Paulo Cafôfo, referindo-se à possibilidade de os partidos que
suportam o executivo (PSD e CDS-PP em coligação, com apoio parlamentar
do PAN) avançarem nesse sentido. O dirigente socialista considerou que essa não é a saída política para o “beco em que se colocou o PPD-PSD/Madeira”.“O
próximo Governo da região não pode ser escolhido por militantes do
PPD-PSD, porque essa é única e exclusivamente uma escolha do povo”,
disse, reforçando que “deve ser o povo a escolher o próximo Governo
Regional.”Paulo Cafôfo defendeu a marcação
de eleições antecipadas “dentro do quadro constitucional e nos prazos
previstos” e lembrou que o PS/Madeira apelou ao Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, e ao representante da República para a região,
Ireneu Barreto, para evitarem uma “situação de instabilidade crónica e
de desconfiança permanente” no arquipélago. “Haja
ou não debate do Orçamento Regional [cuja discussão deverá acontecer
entre 06 e 09 de fevereiro], o atual Governo deve ficar e permanecer em
gestão até à realização de eleições antecipadas”, disse. Pelo
menos até 24 de março, o Presidente da República não pode decretar
oficialmente a dissolução da Assembleia Legislativa Regional.É
o artigo 172.º da Constituição que determina que nenhuma Assembleia
pode ser dissolvida "nos seis meses posteriores à sua eleição", o que na
Madeira aconteceu com as eleições legislativas de 24 de setembro de
2023.Paulo Cafôfo sublinhou que em causa
estão “indícios de um pacto de corrupção e de favorecimentos que
controlam os destinos da região e controlam os dinheiros dos
contribuintes” e alertou para o facto de não ser ainda do conhecimento
público se Miguel Albuquerque pediu o levantamento da sua imunidade, que
detém por via do Conselho de Estado e do parlamento regional.“O
PSD está agarrado ao poder para perpetuar o regime e a promiscuidade
que existe entre Governo, partido e interesses privados”, acusou,
acrescentando que “o PS/Madeira é, neste quadro, o único partido capaz
de devolver a confiança e a estabilidade e é disso que a Madeira precisa
para poder avançar.”A Polícia Judiciária
(PJ) realizou em 24 de janeiro cerca de 130 buscas domiciliárias e não
domiciliárias na Madeira, nos Açores e em várias zonas do continente, no
âmbito das quais Miguel Albuquerque foi constituído arguido e foram
detidos Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia.Em
causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação
económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de
vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, segundo a PJ.Entre
os contratos alvo de investigação criminal, de acordo com os documentos
judiciais estão a concessão de serviço público de transporte rodoviário
de passageiros na ilha da Madeira, a concessão do Teleférico do Curral
das Freiras, o projeto da Praia Formosa e o Funchal Jazz 2022-2023.