PS e Costa acusam PSD de apoiar "falcões do BCE" no aumento das taxas de juro
OE2023
26 de out. de 2022, 16:12
— Lusa/AO Online
No
primeiro dia de debate na generalidade da proposta de Orçamento do
Estado para 2023, em resposta ao PS, o primeiro-ministro defendeu que
"sucessivas subidas da taxa de juro não contribuem para o controlo a
inflação, contribuem para aumentar o risco de recessão nas economias
europeias"."Demonstrámos desde 2015 que a
melhor forma de termos contas públicas certas não é com austeridade, é
com crescimento, com emprego, com melhores salários. É assim que nós
consolidamos a nossa economia e a trajetória de crescimento sustentável
que temos mantido. É esse o caminho que vamos manter, recusando esta
campanha do PPE, do PPD/PSD para um aumento das taxas de juro por parte
do BCE", acrescentou António Costa.O
assunto foi trazido pelo líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias,
que invocou "um documento de política" do Partido Popular Europeu
(PPE), do qual o PSD faz parte, de 29 de setembro, no qual, disse, se
"pede ao BCE para manter a determinação em aumentar as taxas de juro".Eurico
Brilhante Dias acusou o PSD de ter uma posição em Portugal e outra em
Bruxelas, onde "aprova, dá guarida ao papel da direita mais
conservadora" da Europa, "dos falcões do BCE, que quer aumentar as taxas
de juro, mesmo que isso coloque em causa o crescimento económico".O líder parlamentar do PS considerou que "este não é o caminho".Em
seguida, também o primeiro-ministro, António Costa, se manifestou
contra o que qualificou como uma "campanha do PPE, do PPD/PSD, para um
aumento das taxas de juro por parte do BCE"."Neste
contexto em que o BCE e os outros bancos centrais vão adotando medidas
de aumento das taxas de juro para procurar responder à inflação, nós,
que temos uma dívida pública muito elevada, temos de fazer o esforço de
reduzir o peso dessa dívida pública, para nos protegermos a nós, às
empresas portuguesas e às famílias portuguesas", afirmou."A
melhor proteção que podemos dar às famílias que têm crédito à habitação
é não deixar que a taxa de referência da República suba para níveis que
contagiem as demais taxas de referência pagas na economia em Portugal",
prosseguiu António Costa.O
primeiro-ministro advertiu que "é preciso compreender bem qual é
natureza específica desta crise inflacionista", na Europa, "muito
distinta, aliás, da que existe nos Estados Unidos"."Não
resulta de uma particular afluência da massa monetária em circulação.
Resulta mesmo da rutura das cadeias de abastecimento, do brutal aumento
dos custos da energia e, portanto, não é através de subidas das taxas de
juro que se responde de modo mais eficaz a esta tensão inflacionista.
Temos de saber gerir com prudência para não pôr em causa a credibilidade
da República, temos de gerir com prudência para não alimentar a espiral
inflacionista", sustentou.