PS e BE questionam Governo dos Açores sobre condições anunciadas pelo Chega
24 de nov. de 2021, 11:23
— Lusa/AO Online
No debate sobre o Plano e
Orçamento Regionais para 2022, que decorre desde segunda-feira no
plenário da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores
(ALRAA), na Horta, a pergunta foi repetida pelo deputado bloquista
António Lima depois de o presidente do executivo, José Manuel Bolieiro,
ter dito ser sua “competência exclusiva” uma remodelação governamental.O
deputado único do Chega Açores indicou na sexta-feira estar em
negociações para viabilizar o Orçamento Regional, apontando como uma das
condições para tal uma remodelação governamental que o presidente do
Governo lhe garantiu estar “para breve”.“O
que tem de dizer é se é verdade, ou não, o que disse o deputado José
Pacheco, de que tem a sua garantia quanto a uma remodelação do Governo.
Os açorianos têm de saber quem manda no Governo dos Açores”, frisou
António Lima, deputado do BE.Vasco
Cordeiro, líder da bancada dos socialistas no parlamento açoriano e
ex-presidente do Governo, alertou que “é óbvio que a competência
política formal de uma remodelação é do Governo”.“Mas não desmentiu a remodelação e isso tem um significado”, observou.O
deputado socialista perguntou ainda “a que custo está garantida a
aprovação do Orçamento”, tendo ficado também sem resposta sobre se o
executivo, ou os partidos que o suportam no parlamento, aprovaram as
condições impostas pelo deputado do Chega para viabilizar as contas
regionais.O líder da bancada do PSD criticou o PS por ser “a bengala da extrema-radical”, referindo-se ao BE.“A
discussão faz-se nesta casa. Não fechamos a porta a ninguém. Chegaremos
também a entendimento com o PS, para não permitir os desvarios que
assinou com o BE”, disse João Bruto da Costa.Vasco Cordeiro recusou que o PS seja “bengala do BE”.“O
que se vai demonstrando é que não só o PSD é bengala do Chega, como o
Governo dos Açores é a bengala do Chega. Mais do que isso, o Chega não é
só bengala, é andarilho”, acusou.O
presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, disse que o PS
está em “desespero” pela “perda de poder” e realçou que a “estabilidade”
é um “bem político”.Bolieiro insistiu que
a decisão sobre o Plano e o Orçamento cabe agora aos partidos, uma vez
que o Governo Regional já entregou as propostas na Assembleia: “Agora é o
parlamento que decide”, assinalou.Paulo Estêvão, do PPM, criticou Vasco Cordeiro por anunciar o voto contra o Orçamento “antes da discussão”.“[O
PS] tem o dever de apresentar um conjunto de projetos e não tem ideias,
não tem projetos, não tem nada para apresentar, a não ser esse número
de politiquices. Esta é uma discussão irrelevante porque vossa
excelência já disse que votaria contra”, lamentou.“A exigência para um partido como PS é apresentar uma alternativa sólida”, insistiu.Carlos
Furtado, deputado independente (ex-Chega), esgotou o tempo de que
dispunha para intervir em todo o debate sobre o Orçamento, que continua
nos próximos dias, para dizer ao presidente do Governo Regional dos
Açores que acredita que este, em devido tempo, vai mostrar aos eleitores
se “está, ou não, cativo de soluções que possam vir de Lisboa”.“Fui
traído no compromisso que assinei no início da legislatura. O que lhe
vendi não foi o que lhe entreguei. Era insuportável o ambiente que se
vivia naquele partido [Chega]. Quando sentir a pressão que eu senti,
fará o mesmo”, observou.O Orçamento
Regional dos Açores começou a ser debatido na segunda-feira pelo
parlamento açoriano na Horta, ilha do Faial, e a sua aprovação está
dependente dos votos do deputado do Chega, do representante da
Iniciativa Liberal, e do deputado independente (ex-Chega), que já
garantiu que vai honrar o seu compromisso na votação.A
direção nacional do Chega pediu na quarta-feira ao partido nos Açores
para retirar o apoio ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), mas o
deputado único do partido, José Pacheco, disse que “nada está fechado e
tudo pode acontecer” dado que há negociações em curso.