PS diz que não há tempo para passividade e vitimização

Açores/Governo

9 de dez. de 2020, 15:50 — Lusa/AO Online

"Não há tempo para passividade, experimentalismo e muito menos para vitimização, desresponsabilização ou catastrofismo", considerou a socialista, falando na Assembleia Legislativa Regional, na cidade da Horta, no primeiro de três dias de debate do Programa do novo Governo dos Açores, formado por PSD, CDS e PPM.Para a vice-presidente do grupo parlamentar do PS, "exige-se rapidez" do executivo "na análise dos desafios e prontidão nas soluções", até porque "as famílias e as empresas não podem esperar".Depois, Andreia Cardoso questionou diretamente o executivo: "Em que medida este é o programa de um Governo que se diz transformista e que dedica quatro páginas e meia, 763 palavras, a detalhar medidas na área do Desporto, mas que dedica apenas duas linhas, repito, duas linhas, à política regional de saúde mental?".E prosseguiu: "De que forma este é o programa de um Governo que se diz personalista, que afirma que as pessoas estão primeiro, mas cria mais conselhos, mais comissões, mais observatórios, mais estruturas do que o número de vezes que surgem, neste texto todo, a palavra mulher ou a palavra criança?"Num comentário posterior, o deputado do PPM Paulo Estêvão definiu a intervenção da socialista como "completamente falhada", centrada em "contar as vírgulas e os parágrafos" do Programa de Governo.O monárquico sublinhou ainda que teve "muitos anos de combate" às políticas do PS, acrescentando que compete à nova maioria de Governo e do parlamento "concretizar" a "mudança" pedida pelos açorianos e "combater as desigualdades sociais", gerar "melhores resultados na educação e saúde", entre várias outras matérias.O Bloco de Esquerda, que tem dois deputados no hemiciclo açoriano, definiu como "sintomático" que, no meio de uma "profunda crise económica e social", uma das "bandeiras deste Governo seja atacar os apoios sociais, a que chama de subsidiodependência". "Senhor presidente, como é que vai reduzir o número de beneficiários do RSI em plena crise? Essa intenção, mesmo que não seja para cumprir, como parece, é de uma profunda insensibilidade social. É um ataque aos pobres e uma cedência à extrema-direita", considerou o líder do BE nos Açores, António Lima, dirigindo-se ao chefe do executivo regional, José Manuel Bolieiro (PSD).O Chega, que teve também dois parlamentares eleitos no sufrágio de 25 de outubro, lamenta que tenha sido criticado por alegadamente "atacar os pobres", o que, diz o deputado José Pacheco, não corresponde à verdade. "Queremos a dignificação do ser humano, queremos que as pessoas vivam bem. E nos açores não se vive bem. Nem a classe média vive bem, vive no limiar da pobreza. A dignidade humana tem de estar acima de tudo e qualquer coisa", declarou o dirigente do Chega nos Açores.Já o PAN, pelo deputado único, Pedro Neves, diz que escolheu, na atual composição parlamentar, ser "vigilante e fiscalizador" do executivo e irá pautar a sua atuação "contribuindo" para a "qualidade de vida de cada cidadão e para o desenvolvimento progressista" dos Açores.Nuno Barata, parlamentar da Iniciativa Liberal, defendeu, por seu turno, que a sua presença parlamentar representará a introdução de "medidas e debate" em prol dos açorianos, sinalizando a prioridade que tem de ser dada ao "choque fiscal" na região, com a redução de impostos para famílias e empresas.Pelo PSD, o deputado João Bruto da Costa sublinhou o compromisso da sua bancada em, "com entusiasmo e expectativa, diligente e exigente, mas também cooperante e empenhado", observar o cumprimento até final da legislatura do Programa de Governo em debate esta semana no parlamento açoriano. Catarina Cabeceiras, do CDS-PP, garantiu "empenho" na "procura de melhores soluções para os Açores", acrescentando que o debate desta semana é "muito mais" que a análise de um documento, antes albergando as "linhas mestras" de orientação do executivo para os próximos anos.O novo Governo Regional dos Açores, liderado por José Manuel Bolieiro, do PSD, tomou posse no final de novembro na Assembleia Legislativa da região.Antes, havia já sido empossado o novo presidente do parlamento açoriano, o social-democrata Luís Garcia, eleito com 29 votos, o necessário para a maioria absoluta no hemiciclo.O Programa do novo Governo dos Açores, que tem Artur Lima como vice-presidente, reconhece que a região "vive uma situação económica e social delicada" e admite que a pandemia agravou "debilidades" nesses dois campos.De acordo com o Governo Regional, formado por PSD, CDS e PPM, "a estabilidade política decorrente de uma maioria plural no plano parlamentar tem de traduzir-se numa governação que permita aos Açores terem ganhos substanciais em relação aos indicadores médios da União Europeia, e uma diminuição do peso do Estado e da região na economia e na sociedade".