PS diz que Governo dos Açores se move pelo ódio ao partido e não tem projeto
24 de out. de 2021, 10:36
— Lusa /AO Online
Em declarações à Lusa, foi este o balanço feito por estes três partidos com representação no parlamento açoriano a propósito do primeiro ano passado sobre as eleições regionais de 25 de outubro de 2020, que levaram à constituição de um governo de coligação PSD/CDS-PP/PPM, com acordos de incidência parlamentar com o Chega e a Iniciativa Liberal, após 20 anos de maioria absoluta do PS.Sandra Faria, vice-presidente da bancada socialista na Assembleia Legislativa Regional dos Açores (ALRA), acusa o executivo de “falta de transparência, de ação e concretização”, motivadores de “falta de confiança”.“Este é um governo que nunca teve um projeto para os Açores, apenas se moveu pelo ódio ao PS. Num momento em que era precisa união e consenso, está mais apostado em assegurar a sua sobrevivência do que em servir açorianos”, lamenta.A socialista destaca que a “falta de transparência” do executivo se tornou mais notória na gestão dos 117 milhões de euros das Agendas Mobilizadoras.As candidaturas à verba do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) destinada a empresas açorianas foram amplamente criticadas por parlamentares e empresários, num processo que vai ser reiniciado por decisão do presidente do executivo do arquipélago, José Manuel Bolieiro.“Foi desastroso. O governo tinha apregoado a centralidade do parlamento e o presidente optou por faltar ao debate [do plenário] e comunicar a decisão nos corredores”, refere Sandra Faria.A deputada diz que, também “às escondidas”, o governo “tirou o transporte marítimo de todas as ilhas”, fez “negociações com Bruxelas por causa da [companhia aérea] SATA” e “nomeações, tornando-se no maior e mais caro governo de sempre”.António Lima, deputado do BE e líder da estrutura regional do partido, destaca que, “pela primeira vez em Portugal, a direita fez um pacto com a extrema-direita para chegar ao Governo Regional”.O BE considera que o executivo “foi utilizado pela própria extrema-direita, pelo Chega, para os seus jogos políticos e agenda política nacional”, nomeadamente como “arma política para pressionar Rui Rio”, líder do PSD nacional.Lembrando que este Governo apresentou um discurso focado na “transparência e na centralidade do parlamento”, Lima aponta que, “esta semana, na altura mais difícil para este governo, o presidente e o vice-presidente fugiram ao debate, não enfrentando as críticas”.“É um governo que não protege os seus membros nem assume as suas responsabilidades”, lamenta.Para o BE, este “escândalo recente” indica “um processo nada transparente, com empresas claramente escolhidas em detrimento de outras”.“É um sinal gravíssimo sobre a forma como vão ser geridos os milhões do PRR”, alerta, sublinhando, sobre a mudança da liderança do arquipélago, que “a emenda foi pior do que o soneto”.Para Pedro Neves, deputado único do PAN, a gestão do envelope financeiro das Agendas Mobilizadoras deixou o partido sem a confiança que tinha no executivo: “Se isto [as Agendas Mobilizadoras] foi o primeiro passo em relação ao PRR, o que acontecerá aos 580 milhões de euros que vem a seguir? Temos grande relutância relativamente ao que vem a seguir”, admite.“Com o PAN não poderão contar da mesma forma. Há agora um histórico que é muito difícil de ser retirado. Para o mês que vem [altura da votação do Orçamento Regional para 2022], o PAN vem com uma postura diferente, bem mais aguerrida”, assegura.Para o partido, o presidente do governo, “como responsável máximo”, deveria ter marcado presença no debate parlamentar de terça-feira sobre o PRR, já que, “se houve um problema de amadorismo do secretário das Finanças, pelo menos não teria havido um problema de seriedade”.O problema, nota, foi “grave, independentemente da solução de retirar as candidaturas”.A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados, sendo que, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um do Chega, um eleito pelo Chega que em julho passou a independente, um da Iniciativa Liberal e um do PAN.PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação. A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e o PSD um acordo de incidência parlamentar com a IL, alcançando os 29 deputados necessários para a maioria absoluta.