PS diz que aprovou mais de 100 propostas de alteração, PSD critica “rolo compressor”
OE2022
26 de mai. de 2022, 14:27
— Lusa/AO Online
No final do debate em plenário
do orçamento para 2022, os partidos que ainda dispunham de tempo
aproveitaram para fazer uma espécie de conclusão dos trabalhos, antes da
sessão formal de encerramento, na sexta-feira.Da
parte do PS, a vice-presidente da bancada Jamila Madeira assegurou que
“todos os partidos viram as suas propostas analisadas e apreciadas com
cautela”.“Mais de 100 propostas de
alteração foram aprovadas nesta câmara com o voto do PS, e isso é muito
importante porque o espetro democrático deste parlamento ficou
completamente sufragado no quadro daqueles que são os partidos
democráticos neste hemiciclo”, disse, considerando que o mais importante
é que “a solução final deste Orçamento seja melhor para os
portugueses”.Nesta contabilidade, apesar
de não ter sido mencionado pela deputada, terão de estar incluídas as
propostas apresentadas (e todas aprovadas) pela bancada do PS. “Vamos
mais além, mas a dinâmica de manter as contas certas e a credibilidade
internacional é o nosso objetivo, neste discurso que uns apelidam de
rolo compressor, mas que os portugueses percebem bem”, afirmou.Rolo
compressor foi precisamente a expressão usada pelo PSD, através do
deputado Jorge Paulo Oliveira, que afirmou que as propostas de alteração
apresentadas pelo partido não o mudavam estruturalmente, mas tinham “o
condão” de melhorar a vida dos portugueses.“Com
uma única exceção, até ao momento foram todas chumbadas pelo rolo
compressor do poder absoluto do PS”, vincou, acrescentando que o debate
orçamental demonstrou que “doravante, não há acordo de cavalheiros, não
há praxis parlamentar, não há Regimento” que impeça o PS “de impor a sua
vontade”. Para o PSD, “este foi um
processo orçamental manchado e maculado e o Orçamento de Estado que dele
sairá é tudo aquilo que os portugueses menos esperavam”.Criticando
o peso da carga fiscal no país, o social-democrata chegou mesmo a dizer
que “para um governo que se diz de esquerda, este facto devia ser
motivo de vergonha”.Mariana Mortágua
acusou o Governo de, neste Orçamento, “cortar rendimentos ao não
atualizar salários, pensões e prestações sociais” à taxa de inflação,
considerando que mantém “injustiças injustificáveis” como os vistos
‘gold’, enquanto se recusa a descer o IVA da energia.“Este
é um Orçamento subjugado a uma meta orçamental desadequada,
autoimposta. É um orçamento do ‘não podemos viver acima das nossas
possibilidades’. É por isso que o PSD está tão desorientado que até
propõe aumentos dos funcionários públicos, é a essa desorientação que o
discurso e a política de direita do PS levam o PSD”, apontou. A
líder parlamentar do PCP, Paula Santos, lamentou que a prioridade do PS
tenha sido “a redução do défice e da dívida”, acusando o Governo de
estar subjugado às prioridades da União Europeia.“A
atitude do PS perante propostas do PCP responsabiliza-o: vão ficar
piores as condições de vida para quem vive do seu trabalho e para os
reformados”, criticou.Pelo Chega, Pedro Pinto lamentou que nenhuma das 309 propostas do partido tenha sido aprovada.“O
Orçamento do PS é o orçamento das maravilhas, digam isso a mais de um
milhão de pessoas sem médico de família ou que esperam mais de mil dias
por uma consulta”, criticou.Rodrigo
Saraiva, líder parlamentar da Iniciativa Liberal, considerou, no final
do debate na especialidade do OE, que “ficou claro que a especialidade
do PS não é dar condições aos portugueses para recuperar”, quer no
domínio nas aprendizagens, quer no da saúde.“No
início da legislatura, há sinais que a todos devem preocupar”, disse,
apontando como exemplos a recusa do PS de audições que a oposição
considerava importantes para esclarecer polémicas recentes como a do
ISCTE ou dos refugiados ucranianos em Setúbal.A
deputada única do PAN, Inês Sousa Real, beneficiou de tempo cedido pelo
Governo para salientar que este Orçamento tem marcas seu partido, como o
reforço de 20 milhões de euros para transportes públicos no interior ou
o reforço da verba da estratégia nacional para a mobilidade ativa, de
400 mil euros para um milhão.“Não é apenas
um mero estudo ou grupo de trabalho. Não é o orçamento que desejávamos,
mas também não é o PAN que é Governo. Neste Orçamento, fizemos a
diferença, independentemente de sermos um ou muitos deputados”, afirmou
Inês Sousa Real, que se absteve na generalidade.Hoje
ficará concluída a votação na especialidade do Orçamento do Estado para
2022, sobrando para sexta-feira apenas a discussão e votação das
propostas que sejam avocadas pelas várias bancadas e a sessão de
encerramento, culminando com a votação final global.