PS critica Governo dos Açores "distraído com guerrilhas" e Bolieiro lamenta "mágoa" socialista
9 de mar. de 2022, 11:29
— Lusa/AO Online
A
troca de palavras entre o ex-presidente do Governo dos Açores Vasco
Cordeiro (PS) e José Manuel Bolieiro, atual líder do governo de
coligação PSD/CDS-PP/PPM, aconteceu no plenário da Assembleia
Legislativa, durante o debate de urgência requerido pelos socialistas
sobre a anteproposta relativa aos fundos comunitários do PO Açores 2030.“Somos
confrontados com PS, ainda magoado com a perda do poder, a dizer que a
mudança, a reforma, está mal preparada. Magoado com a perda do poder,
não acredita na atitude reformista. Fica para os açorianos a firmeza de
que queremos fazer diferente. Ouvindo as propostas, as críticas, mas
assumindo a liderança, numa agenda social e de convergência para os
Açores”, afirmou José Manuel Bolieiro.Antes,
Vasco Cordeiro censurou a “maioria absoluta que cada vez mais se
distingue pela arrogância, por se entrincheirar”, considerando que “os
Açores correm o risco de perder uma oportunidade única, por estarem
distraídos em guerrilhas internas”.“[O Governo] Está decidido a ser indeciso. São incapazes de mudar até o que o PS já teria mudado”, frisou.Já no fim do debate, José Manuel Bolieiro deixou uma “nota de convicção democrática”.“A
disponibilidade para a crítica, para o aperfeiçoamento, nunca inibiu
este Governo. Não podem dizer que não fomos capazes de ouvir,
disponíveis com tempo para apreciar, e também respeitadores dos
regulamentos comunitários e dos valores predeterminados”, disse. O Governo, acrescentou, está “confortável com todas as críticas”. “Na
passagem da anteproposta para a proposta serão assumidas as propostas
que forem compatíveis, nomeadamente com regulamentação europeia”,
assegurou.O debate acabou com Nuno Barata,
deputado único da Iniciativa Liberal (IL), com quem o PSD assinou um
acordo de incidência parlamentar, a perguntar se “as considerações sobre
humildade democrática” do presidente do Governo também servem “para
desprezar o povo na rua”.“Teceu uma série
de considerações sobre humildade democrática. Pergunto se também
despreza o povo na rua, porque as redes sociais também são o povo na
rua”, afirmou.Para o deputado da IL,
algumas redes sociais têm mais seguidores do que alguns deputados do
parlamento tiveram votos, pelo que “são para levar em atenção”. “Mas,
não é para depois aplicar processos disciplinares a funcionários da
administração pública. Fiquei deveras incomodado com a desumildade
democrática de um presidente do conselho de administração de uma empresa
pública pelo processo disciplinar a um funcionário porque comentou um
‘post’ da IL”, lamentou.Antes, o parlamentar criticou o PO, considerando que “não vale auscultar fingindo que se ausculta”.António
Lima, deputado do BE, referiu ainda a “fragilidade dos argumentos” do
Governo açoriano, pois “quase que não há informação sobre como, quando e
onde pretende investir a verba”.“É [o PO]
um conjunto vago de intenções e nem todas são boas. Não podemos aceitar
que a estratégia de investimento dos próximos anos seja tão pouco
transparente. Ou isso ou o Governo ainda não sabe bem o que fazer com
estes fundos”, observou.Pedro Neves, do
PAN, classificou o documento como tendo uma “execução demasiado
amadora”, enquanto José Pacheco, do Chega, com quem a coligação de
Governo assinou um acordo de incidência parlamentar, considerou o debate
convocado pelo PS como uma “encapotada moção de censura”.Carlos
Furtado, deputado independente (ex-Chega), com quem a coligação tem
também um acordo de incidência parlamentar, considerou que, “se este PO
falhar, é pela falha dos PO anteriores”, da responsabilidade do PS. Pedro
Pinto, do CDS-PP, notou que, “pela primeira vez, a anteproposta de PO
esteve em debate público”, mostrando uma “nova forma de fazer política”.Paulo Estêvão, do PPM, considerou o debate uma “emboscada” do PS, apenas interessado na “crítica política”.“De
propostas e alternativas, zero, o PS não tem nada. Se este Governo
cair, eu também caio. Vamos cerrar fileiras e apoiar o Governo contra a
vossa atitude de guerrilha e destruição dos interesses dos Açores”,
afiançou.A Assembleia Legislativa dos
Açores é composta por 57 deputados, sendo que, na atual legislatura, 25
são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da
Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado independente
(eleito pelo Chega).