PS critica “descontrolo nas finanças” dos Açores após decisão da agência Moody’s
28 de nov. de 2022, 17:49
— Lusa/AO Online
“A
Moody’s baixou a classificação da região enquanto devedora, referente à
capacidade de cumprir com os seus compromisso financeiros de estável
para uma classificação negativa. Essa decisão é motivo de profunda
preocupação e apreensão”, afirmou o deputado regional Carlos Silva em
conferência de imprensa realizada na sede socialista em Ponta Delgada.Na
sexta-feira, a agência de notação financeira Moody’s baixou a
perspetiva da dívida pública dos Açores de estável para negativa e
reduziu um patamar na classificação da anotação de crédito (‘Baseline
Credit Assessment') da região que passou de ba3 para b1.O
deputado do PS na Assembleia Regional realçou que é a “primeira vez que
os Açores veem a sua classificação financeira passar a negativa ao
contrário do que acontece com a posição da República e da Madeira”.Carlos
Silva alertou que a decisão tem um “impacto direto” na forma como as
entidades públicas e privadas açorianas “são vistas pelos mercados
financeiros”, sendo reveladora do “grave desequilíbrio das finanças
públicas regionais”.“O problema é a incapacidade do atual Governo Regional e o descontrolo das finanças públicas”, avisou.O
socialista também condenou o “valor recorde” da dívida pública no
segundo trimestre de 2022, acusando o Governo dos Açores
(PSD/CDS-PP/PPM) de, “em apenas 18 meses, ter feito crescer a divida da
região em mais de 650 milhões de euros”.“Se
tivermos em conta as projeções da Moody’s, a dívida da região poderá
atingir os 3,3 mil milhões de euros até ao final do ano, o que deixa
claro que o problema não resulta do passado, mas sim das opções erradas
deste Governo [Regional]”, reforçou.Carlos
Silva defendeu que o Orçamento para 2023, aprovado na quinta-feira no
parlamento açoriano, “não dá resposta ao problema”, porque o
“endividamento zero não vai estancar o crescimento da dívida”, uma vez
que o documento prevê a possibilidade de a dívida comercial ser
convertida em dívida financeira.“A região
sempre foi avaliada pelas agências. A situação da SATA não é nenhuma
novidade. O que é novidade - e fica claro pelo comunicado da Moody’s -
tem a ver com o elevado défice registado em 2021 e em 2022”, reforçou,
acrescentando que em setembro de 2021 o défice foi de -383,6 milhões de
euros.Carlos Silva avisou que o “nível de
endividamento” da região é “muito superior ao ritmo de crescimento das
receitas correntes”, com consequências na “falta de liquidez” e em
pagamentos em atraso em vários setores como a saúde.Para
o socialista, a posição da Moodys contraria as afirmações do secretário
das Finanças, Duarte Freitas, que acusou o PS de “faltar à verdade”,
depois de os socialistas terem condenando a evolução da dívida pública,
superior a três mil milhões de euros no segundo trimestre do ano.“O
secretário das Finanças já sabia das preocupações da Moody's e omitiu
essa informação do parlamento regional. Isso, no nosso entender, é
motivo de preocupação e corresponde mais uma vez a falta de
transparência”, salientou.Em comunicado, a
Moody´s justifica a mudança com o elevado défice da região, os “níveis
crescentes de dívida” e as “condições económicas adversas esperadas em
2023”, o que vai restringir a capacidade de a região reduzir os níveis
de défice e de divida.A agência de notação
financeira alerta para a situação financeira da transportadora aérea
SATA, para o endividamento contraído para fazer face à pandemia da
covid-19 e para a situação no setor da saúde, que representa cerca de
30% de Orçamento regional.A Moody’s
acredita que a redução da dívida açoriana vai ser “difícil da alcançar a
médio prazo”, devido ao valor da dívida e aos saldos operacionais
negativos, apontando para as “fragilidades no planeamento financeiro” da
região.