PS critica atuação do Governo e do CESA nas Agendas Mobilizadoras
3 de nov. de 2022, 18:35
— Lusa
Em
conferência de imprensa, realizada na delegação do parlamento açoriano
em Ponta Delgada, Andreia Cardoso, vice-presidente do grupo parlamentar,
afirmou que, desde o início das Agendas Mobilizadoras, foram feitos
“repetidos alertas quanto às deficiências e irregularidades” do
processo.“Para além de diversos membros do
governo, o próprio presidente do Governo, bem como o presidente do CESA
foram alertados para essas falhas por parte de entidades que estiveram
envolvidas”, afirmou, numa sessão onde apresentou as conclusões do PS
sobre a comissão de inquérito às Agendas Mobilizadoras, programa do PRR
que previa 117 milhões de euros para as empresas açorianasNos
Açores, lembrou Andreia Cardoso, o órgão de coordenação política do PRR
é o Conselho de Governo Regional, cabendo ao CESA o acompanhamento da
aplicação dos fundos.“Uma das mais
importantes conclusões que retiramos dos trabalhos da comissão de
inquérito à Operacionalização das Agendas Mobilizadoras é que o fracasso
em que redundou este processo não se deveu a algo que ocorresse às
escondidas dos principais responsáveis, quer do Governo Regional, quer
do CESA”, afirmou.Questionada sobre a
atuação do líder do CESA, a socialista considerou que a falta de ação de
Gualter Furtado causou um “prejuízo claro por omissão”.“É
fundamental que cada um assuma as suas responsabilidades. Se não o
fizeram até agora, que o façam daqui por diante e nós vamos estar
atentos”, assinalou.A deputada condenou a
“total ausência de critérios objetivos, transparentes e imparciais” para
a seleção das empresas participantes, dando nota da existência de
mensagens entre o Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) e um grupo
"restrito" de empresários.“O Governo
Regional convocou para várias reuniões de preparação das Agendas
Mobilizadoras grupos empresariais regionais que, nas instalações da
secretaria das Finanças, contactariam com as consultoras e com uma
associação empresarial”, denunciou.Para o
PS, a “concretizar-se o processo” das Agendas Mobilizadoras nos “termos
que estava a ser planeado”, este iria resultar em “fortes benefícios
ilegítimos para um grupo restrito de entidades”.Andreia
Cardoso criticou o “impressionante grau de desordenação política,
desorganização e amadorismo” com que o executivo açoriano conduziu o
processo.Apesar de reconhecer que os 117
milhões de euros vão estar disponíveis para as empresas açorianas em
outras áreas que não as abrangidas pelas Agendas Mobilizadoras, a
deputada socialista condenou ainda a decisão do Governo Regional em
anular o processo.“A decisão do presidente
do Governo Regional de anular todo o processo causou prejuízos diretos
às empresas açorianas por terem ficado privadas de utilizar os 117
milhões de euros nas Agendas Mobilizadoras para a inovação”, reforçou.A
comissão de inquérito à Operacionalização das Agendas Mobilizadoras do
PRR nos Açores terminou segunda-feira sem relatório, após a proposta do
relator (PS) e as alterações sugeridas pela coligação PSD/CDS-PP/PPM
terem sido reprovadas.Em causa estava uma
alegada verba inicial de 117 milhões de euros, financiada pelo PRR,
destinada a projetos de inovação, turismo e agroindústria, a que
poderiam candidatar-se as empresas açorianas que apresentassem projetos
em consórcio.