PS considera que veto sobre professores “só toca em questão formal” e pede "sinais" a sindicatos
27 de dez. de 2018, 08:52
— Lusa/AO Online
Em declarações à
agência Lusa, o deputado e dirigente socialista Porfírio Silva salientou
que o Governo concretizou “a tempo e horas” o descongelamento das
carreiras previsto no seu programa e que a questão da recuperação do
tempo de serviços dos professores não estava “nem no programa de
Governo, nem nos acordos à esquerda”.“Sempre
foi a via negocial entre Governo e sindicatos que nós defendemos para
encontrar uma saída para a questão da recuperação do tempo de serviço.
Aquilo que o senhor Presidente da República vem dizer, agora quando
devolve o diploma ao Governo, no fundo só toca numa questão formal e que
é: têm de negociar depois da entrada em vigor do Orçamento do Estado”,
considerou.Porfírio
Silva antecipou que o Governo “não terá qualquer dificuldade” em voltar
à mesa das negociações, salientando que o executivo já negociou durante
meses com os sindicatos dos professores.Por
outro lado, acrescentou, a consequência deste veto será que a reposição
parcial do tempo de serviço não se concretizará de imediato.“Educadores
e professores já não poderão começar no dia 01 de janeiro de imediato a
ver contabilizado o seu tempo de serviço. Essa é uma parte que
lamentamos, mas quanto ao resto é preciso voltar a negociar e que quem
não deu um passo de aproximação para encontrar um compromisso razoável o
dê”, afirmou, num apelo dirigido aos sindicatos do setor.Porfírio
Silva sublinhou ainda que o Governo, que inicialmente tinha a posição
de que só haveria descongelamento - “só se punha o relógio em andamento”
- e não haveria qualquer reposição, “avançou no sentido da posição dos
sindicatos e propôs uma recuperação de quase três anos para que os
professores não fossem menos bem tratados do que qualquer outro
trabalhador da administração pública”.No
entanto, para o membro do Secretariado Nacional do PS, “os sindicatos
nunca deram um passo similar, nunca se aproximaram da posição do
Governo”.Questionado
se entende que o Governo não poderá ir mais longe nas negociações
futuras com os sindicatos, o deputado salientou que essa é uma
competência exclusiva do executivo e que o grupo parlamentar do PS
voltará a apelar a que seja encontrada “uma solução de compromisso”.“É
o Governo que se deve sentar à mesa e negociar com os sindicatos. Vimos
da parte do executivo uma vontade negocial, gostávamos que os
sindicatos também dessem sinais de que eram capazes de se aproximar da
posição do Governo, porque temos de encontrar uma solução e o melhor era
que fosse uma solução de compromisso que todos entendessem como
equitativa”, afirmou.O
Presidente da República vetou hoje o diploma do Governo que prevê a
recuperação parcial do tempo de serviço dos professores por entender que
a norma incluída pelos partidos no Orçamento do Estado para 2019 obriga
a que o diploma “seja objeto de processo negocial”.“Assim
sendo, e porque anteriores passos negociais foram dados antes da
aludida entrada em vigor, remeto, sem promulgação, nos termos do artigo
136.º, n.º 4 da Constituição, o diploma do Governo que mitiga os efeitos
do congelamento ocorrido entre 2011 e 2017 na carreira docente, para
que seja dado efetivo cumprimento ao disposto no citado artigo 17.º, a
partir do próximo dia 01 de janeiro de 2019”, acrescenta Marcelo Rebelo
de Sousa. No
Orçamento do Estado para 2019, PSD, CDS-PP, BE, PCP e Os Verdes
entenderam-se para aprovar – com o voto contra do PS - um artigo que
força o Governo a retomar as negociações, mas não para incluir no
documento as propostas de BE e PCP que estipulavam uma calendarização
para a recuperação integral do tempo de serviço dos professores. O
Governo aprovou em 20 de dezembro, em Conselho de Ministros, o
decreto-lei que prevê a recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias
de tempo congelado aos professores (em vez dos mais de nove anos
exigidos por esta classe profissional).A
aprovação do decreto-lei aconteceu dois dias após a última reunião
negocial entre as dez estruturas sindicais de professores e
representantes dos ministérios da Educação e das Finanças, que terminou
sem acordo.