PS chumba audição sobre voo proveniente da China que aterrou nos Açores
Covid-19
20 de fev. de 2020, 10:25
— Lusa/AO Online
"Os deputados do PS chumbaram o
pedido de audição [proposto pelo único deputado do PPM na Assembleia
Legislativa dos Açores], por entenderem que o assunto já estava
devidamente esclarecido nas duas notas publicadas pelo GACS sobre esta
matéria e por entenderem também que não se justifica ouvir mais ninguém a
este propósito", justificou à Lusa a deputada socialista Marta Matos.A
deputada falava no final da reunião da Comissão de Assuntos
Parlamentares, Ambiente e Trabalho (CAPAT), que reuniu na cidade da
Horta.Em causa estavam duas notícias,
divulgadas pelo GACS (órgão de informação do executivo açoriano), nos
dias 2 e 3 de fevereiro, relacionadas com a aterragem nos Açores, no
dia 1 deste mês, de um avião particular, oriundo da China.O
avião em causa transportava 11 passageiros e três tripulantes, que
foram impedidos de desembarcar noutros aeroportos onde tinham feito
escala anteriormente (como medida de precaução por causa da possível
contaminação do coronavírus Covid-19), mas foram autorizados a circular
normalmente no arquipélago."É claro que o
Governo está a tentar impedir que os deputados possam colocar questões
importantes para o esclarecimento desta situação", lamentou Paulo
Estêvão, deputado do PPM no parlamento dos Açores.O
deputado acusa o GACS de ter "mentido" a propósito daquele voo,
nomeadamente quando refere, na primeira notícia, publicada a 2 de
fevereiro, que o avião tinha saído da China "há mais de 15 dias", quando
na verdade tinha partido "há apenas oito dias", ou seja, ainda dentro
do período de quarentena a que devia estar obrigado.Apesar
do voto contra dos deputados do PS, que estão em maioria na CAPAT, os
deputados do PSD e a deputada independente Graça Silveira, votaram ao
lado do proponente (PPM), a favor da audição do responsável pelo GACS,
por entenderem que se justifica o cabal esclarecimento sobre as
informações veiculadas pelo executivo socialista sobre aquele voo em
concreto.Também esta semana, duas outras
comissões parlamentares (a Comissão de Assuntos Sociais e a Comissão de
Economia) chumbaram, apenas com os votos contra do PS, a audição da
secretária regional da Saúde, Teresa Luciano, e da secretária regional
dos Transportes, Ana Cunha, ambas solicitadas pelo PPM, para prestarem
esclarecimentos sobre aquele voo.Em ambas
as comissões, os deputados socialistas consideraram que "compete às
autoridades de saúde da região, e não aos membros do Governo", prestar
esclarecimento sobre os contornos da operação nos Açores do voo
proveniente da China, impedindo assim que as duas governantes fossem
ouvidas no parlamento.No dia seguinte à
aterragem do avião particular no Aeroporto João Paulo II, em Ponta
Delgada, a Direção Regional de Saúde garantiu que a escala nos Açores
daquele aparelho "não constituía qualquer risco para a saúde pública" e
que os passageiros daquele tinham sido devidamente acompanhados, sendo
que, "nenhum deles" apresentava sintomas os vestígios de estar
contaminado.O coronavírus Covid-19 provocou 2.014 mortos e infetou mais de 75.000 pessoas a nível mundial.A
maioria dos casos ocorreu na China, onde o novo vírus foi detetado no
final de 2019, na província de Hubei, a mais afetada pela epidemia.Além
de 2.006 mortos na China continental, morreram duas pessoas na região
chinesa de Hong Kong, duas no Irão, uma nas Filipinas, uma no Japão, uma
em França e uma em Taiwan.As autoridades
chinesas isolaram várias cidades da província de Hubei, no centro do
país, para tentar controlar a epidemia, medida que abrange cerca de 60
milhões de pessoas.Em Portugal, já se registaram 11 casos suspeitos, mas nenhum se confirmou.Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), há 45 casos confirmados na União Europeia e no Reino Unido.