PS afirma que está provado que há um acordo nacional entre PSD e Chega
Açores/Eleições
10 de nov. de 2020, 12:35
— Lusa/AO Online
Nos últimos
dias, em sucessivas intervenções públicas, os dirigentes socialistas
têm afirmado que o acordo com o Chega para a viabilização de um novo
Governo Regional dos Açores liderado pelo PSD tem consequências
políticas nacional e não apenas naquela região autónoma.Agora,
em comunicado, a Comissão Permanente do PS salienta que foi tornada
pública "num jornal nacional" - o Público - a carta entregue pelo
presidente do Chega, André Ventura, ao representante da República nos
Açores, Pedro Catarino.Essa mesma carta,
segundo a direção dos socialistas, "revela o que já se sabia: A
existência de um compromisso nacional do PPD/PSD de que será apresentada
no parlamento uma proposta de revisão da Constituição, tendo em vista
uma profunda reforma no sistema de justiça e uma reforma do sistema
político". Para a Comissão Permanente do
PS, "esta confirmação, através de André Ventura, revela uma nova faceta
no PSD" presidido por Rui Rio: "A de um PSD capaz de vender a alma ao
diabo, hipotecando-se a propostas de reposição da barbárie, como a
prisão perpétua ou a castração química, para atingir o exercício do
poder"."Revela também um Rui Rio capaz de
recorrer à linguagem dúplice para esconder a verdade dos portugueses
sobre o seu acordo com o Chega e, por último , mas não menos importante,
a revelação de um PSD capaz (sendo o primeiro a fazê-lo, mesmo na sua
família política) de dar o seu patrocínio político à normalização de
propostas populistas, xenófobas e contra civilizacionais", acusa-se no
mesmo comunicado.Na perspetiva da direção
do PS, "Rui Rio e o PPD/PSD merecem uma severa censura política, quer
por duplicidade com os portugueses, quer por cumplicidade com a extrema
direita xenófoba"."O PS tudo fará - como
sempre fez - para combater xenofobia, o racismo e o populismo,
continuando a propor e promover políticas públicas de integração, de
acolhimento e de proteção dos mais vulneráveis. É propondo, em
compromisso com a democracia e com o estado de direito (e não estendendo
a mão), que se combate o populismo e o radicalismo", acrescenta-se.Na
segunda-feira à noite, em entrevista à TVI, o secretário-geral do PS
recusou que esteja "zangadíssimo" por o PSD procurar nos Açores uma
alternativa de Governo, mas defendeu ser um fator "da maior gravidade"
os sociais-democratas em Portugal terem dado "um passo que a direita
democrática na Europa tem resistido a dar, que é fazer um acordo com um
partido da direita xenófoba". "Ainda há
pouco tempo Rui Rio tinha dito que só haveria acordos o Chega se este
partido mudasse substancialmente. E menos de uma semana depois já está a
fazer um acordo com o Chega, sem que esse partido tenha mudado nada",
acusou.Nesta mesma entrevista, António
Costa recusou também que se possa fazer uma comparação entre um PCP
marxista leninista e o Chega."Não é por
acaso que na Europa há uma distinção muito clara e um cordão sanitário
em relação aos partidos de extrema-direita xenófobos. Porque a xenofobia
põe em causa algo que é essencial, que é a dignidade da pessoa humana",
alegou.Neste contexto, o secretário-geral do PS deixou uma garantia: "Nunca negociarei nada com o Chega".