PS afirma que acolhe preocupações de Marcelo na origem do veto à lei do mar
2 de out. de 2020, 08:23
— Lusa/AO Online
Esta posição foi hoje transmitida à agência
Lusa pelo deputado socialista João Castro, eleito pelos Açores, na
véspera de a Assembleia da República proceder à reapreciação do decreto
que estabelece as Bases da Política de Ordenamento e de Gestão do Espaço
Marítimo Nacional - diploma que em 23 de julho foi aprovado com os
votos a favor de PS, PAN e Iniciativa Liberal e as abstenções do PSD,
BE, PCP, CDS, "Os Verdes" e Chega, mas que foi alvo de veto por parte do
chefe de Estado.Antes do veto
presidencial, esta lei causou também uma divisão na bancada do PS. Doze
deputados socialistas, incluindo a ex-ministra do Mar, Ana Paula
Vitorino, votaram contra e assinaram uma declaração de voto apelando ao
veto presidencial desta proposta que partiu da Assembleia Legislativa
Regional dos Açores.No texto do veto
presidencial, Marcelo Rebelo de Sousa considerou não existirem razões
suficientes para suscitar a fiscalização preventiva do diploma junto do
Tribunal Constitucional, mas alertou que os procedimentos de codecisão
deviam ficar bem definidos e constar dos instrumentos de ordenamento
previstos.O Presidente da República, por
outro lado, pediu o reforço, com uma ressalva explícita no texto, das
matérias relativas à integridade e soberania do Estado, que são uma
competência do Governo da República."Estamos
perante uma forma de cooperação e um exercício de proximidade e até de
responsabilidade que é colocado nas regiões autónomas no contexto da sua
participação efetiva neste processo. Estamos confiantes que o texto que
será aprovado na sexta-feira terá condições para ser promulgado pelo
Presidente da República, porque pensamos que a nossa proposta de
alteração acolhe as preocupações manifestadas pelo chefe de Estado",
sustentou o deputado socialista.Segundo
João Castro, no atual texto da lei, essa gestão partilhada entre Estado
central e regiões autónomas era "facultativa" e, se este diploma for
aprovado e posteriormente promulgado pelo Presidente da República,
passará a ter "um caráter obrigatório e vinculativo"."Até
às 200 milhas por decreto legislativo regional, com parecer da
República nas questões de integridade e soberania do Estado. Para além
das 200 milhas, mediante documento de ordenamento e gestão promovido
pelo Governo da República com parecer vinculativo da região autónoma",
salientou o deputado socialista.Na
perspetiva de João Castro, esta "é a questão central da regulamentação,
onde a região autónoma passa a ter uma participação efetiva e um
procedimento de gestão partilhada efetivo, sendo plasmado na
legislação".João Castro considerou depois
uma falsa questão o conjunto de argumentos de inconstitucionalidade e de
fim da uniformização da gestão do mar invocados pelo grupo de deputados
socialistas que contesta o diploma e que é encabeçado por Ana Paulo
Vitorino e que conta com o apoio de constitucionalistas da bancada como
Pedro Bacelar de Vasconcelos. "Estamos a
falar de poderes secundários e não de poderes primários relativamente ao
domínio público marítimo. São poderes meramente de ordenamento e de
gestão. A questão de dividir o país em três mares é uma falsa questão.
As competências de ordenamento e gestão no espaço terrestre são
exercidas há longos anos pelos municípios e não é por causa disso que o
país está dividido em 308 partes", contrapôs o deputado do PS eleito
pelos Açores.