PS acusa autarca da Praia da Vitória de utilizar auditoria para "disfarçar incapacidades"
16 de nov. de 2022, 15:01
— Lusa/AO Online
“Há aqui
uma tentativa para criar argumentos para falar mal do passado e
disfarçar as incapacidades do presente. Aquilo que se espera de uma
câmara é que arregace as mangas e que olhe para o futuro com ambição”,
afirmou Berto Messias, em declarações à Lusa.O
executivo camarário da coligação PSD/CDS-PP, que tomou posse em outubro
de 2021, encomendou uma auditoria às contas do grupo municipal,
referente ao período entre 2016 e 2021, em que o PS liderava a
autarquia.Na terça-feira, a presidente do
município, Vânia Ferreira, apresentou as conclusões da auditoria, em
conferência de imprensa, revelando que foram detetadas suspeitas de
ilegalidades e que a “situação grave” das contas vai obrigar a um
processo de recuperação financeira.O
vereador da oposição considerou que as declarações da autarca sobre os
limites de endividamento demonstraram “profunda ignorância”, “erros
técnicos grosseiros” e “falta de noção sobre a gestão autárquica”.“Começo
a achar que a presidente de câmara e este executivo não estão à altura
das funções que desempenham, nem tão pouco está à altura dos desafios
que a Praia tem pela frente”, acusou.Vânia
Ferreira alegou que se o município não avançasse para um processo de
recuperação financeira “dentro de meio ano não haveria dinheiro para
pagar salários, nem os compromissos com os bancos e fornecedores”.Berto
Messias disse não ter “indicadores que confirmem isso”, lembrando que
“os salários do município são pagos via Orçamento de Estado” e que as
transferências para a cooperativa Praia Cultural estavam “devidamente
orçamentadas”.“Aquilo que se diz que agora
é um grave problema, porque é que não era o ano passado, nem há dois
anos. Há um conjunto de questões que ninguém percebe”, afirmou.O
vereador socialista manifestou-se contra o processo de recuperação
financeira do município, alegando que estava em curso uma reestruturação
da cooperativa Praia Cultural, deliberada em assembleia municipal, que
previa a internalização faseada de funcionários, mas não foi continuada
pelo atual executivo.“A questão do
saneamento financeiro nem se deve colocar. Aliás, basta ver os dados que
o anuário financeiro dos municípios portugueses lançaram nos últimos
dias, em que a Praia da Vitória não é colocada no patamar das câmaras
que estão acima dos limites de endividamento”, frisou.Berto
Messias acusou o executivo camarário de “diabolizar” a cooperativa
Praia Cultural, lembrando que a entidade assegura serviços como a rede
de creches e Ateliê de Tempos Livres (ATL), a organização das festas
concelhias, o gabinete de turismo e o serviço de desporto.“Agora
é fácil dizer que a cooperativa tem funcionários a mais. Tem é de se
perceber os serviços que são lá prestados e o que é que a câmara quer
para o futuro. Se quer que seja uma câmara pequenina, de gestão corrente
e que não presta serviços à sua população, pois isso é a posição deste
executivo, com o qual não concordamos”, apontou.A
auditoria incidiu sobre o período entre 2016 e 2021, que abrangeu o
final do último mandato de Roberto Monteiro e o único mandato de Tibério
Dinis, ambos eleitos pelo PS.Questionado
pela Lusa, Roberto Monteiro respondeu, por escrito, que numa primeira
leitura, constatou “omissões graves, interpretações incorretas e
conclusões irreais”, dando como exemplo “o facto de, em 2005, o PS ter
assumido uma câmara com 15 milhões de passivo, metade do que
supostamente é o passivo atual”.“É
inequívoco que estamos perante pessoas inaptas para o exercício da
função e que desconhecem por completo o enquadramento legal sobre
endividamento municipal. Estou convicto que a suposta auditoria foi uma
distração para poderem despedir pessoas”, afirmou.Contactado pela Lusa, Tibério Dinis não quis prestar declarações sobre o assunto, dizendo desconhecer o documento.O
ex-autarca adiantou que nunca foi solicitada a sua colaboração no
âmbito da auditoria, reiterando estar disponível para prestar
esclarecimentos junto das entidades oficiais.