PS/Açores reitera ser necessário acabar com “discriminação” de imigrantes nas ligações aéreas
9 de jan. de 2025, 18:00
— Lusa/AO Online
“Esta é, de facto,
uma discriminação para mais de dois mil cidadãos estrangeiros,
integrantes da nossa sociedade e que estão, atualmente, a ser
prejudicados”, declarou.O deputado falava
após uma reunião do grupo parlamentar do PS na Assembleia da República
com o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades dos
Açores, Paulo Estêvão.Citado numa nota de
imprensa, Francisco César, que também lidera a estrutura regional
socialista dos Açores, referiu não poder “compactuar com políticas
públicas que contribuam para a discriminação e exclusão de cidadãos
residentes na região”.O deputado
especificou que “nos últimos anos todos os imigrantes residentes,
independentemente do seu país de origem, acederam ao SSM em condições
idênticas”.“Mas agora, e desde a entrada
em funções do Governo do PSD/CDS-PP, que estes mesmos cidadãos estão
excluídos do acesso a esse mesmo benefício. É uma injustiça e uma
discriminação”, considerou.A 13 de
dezembro, o parlamento dos Açores aprovou, por unanimidade, uma proposta
de lei que defende a inclusão de todos os imigrantes residentes no
arquipélago no SSM, nas ligações aéreas entre o continente e as ilhas.A
iniciativa, apresentada pelos três partidos que formam o Governo
Regional, surge na sequência da recente alteração, a
nível nacional, das normas que regulam o Subsídio Social de Mobilidade e
que excluem desse apoio os cidadãos imigrantes residentes nos Açores
que tenham origem em países que não integram a União Europeia.A
proposta de lei foi aprovada pelos oito partidos com assento
parlamentar no arquipélago (PS, PSD, Chega, CDS-PP, IL, BE, PAN e PPM),
que consideram tratar-se de um “erro grosseiro” da República e de uma
“discriminação inaceitável”, que deve ser corrigida.Em
dezembro, o presidente da Associação dos Imigrantes nos Açores (AIPA),
Leoter Viegas, disse à Lusa que foram surpreendidos no dia 08 do
novembro quando uma agência de viagem os informou que, segundo uma
comunicação dos CTT, “a partir desse momento, os cidadãos nacionais de
países terceiros deixam de beneficiar do Subsídio Social de Mobilidade”.Segundo
o dirigente, o subsídio passou a abranger apenas cidadãos portugueses,
da União Europeia (UE), dos estados que fazem parte do Acordo de
Schengen (Noruega, Islândia, Lichtenstein e Suíça) e dos estados onde a
UE e Portugal têm acordos de cooperação e de amizade (caso do Brasil).Depois
dessas denúncias, o Governo da República disse estar a trabalhar na
legislação do modelo de atribuição do subsídio social de mobilidade para
evitar situações de desigualdade entre residentes, mas assegurou que se
limitou a aplicar a lei.Nos Açores, até
final de setembro de 2024, o subsídio permitia aos residentes no
arquipélago deslocarem-se para o continente com uma tarifa aérea máxima
de 134 euros (ida e volta) independentemente do valor de venda. Era
apenas necessário adquirir inicialmente a passagem pelo preço de venda
e, depois de efetuada a viagem, todo o valor acima desta meta de 134
euros era ressarcido a título de reembolso pelo Estado. Com
a alteração recentemente introduzida, se o preço de venda da viagem for
superior a 600 euros, já será o passageiro a suportar o valor acima
desse teto, além dos 134 euros.