PS/Açores quer regulamentar transporte em veículos descaracterizados na região
14 de mai. de 2021, 08:00
— Lusa/AO Online
O
Partido Socialista quer a regulação do mercado de TVDE (transporte
individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados a
partir de plataforma eletrónica), uma vez que “a lei que ordena esta
atividade” é nacional e “não está devidamente compatível com a região",
sublinhou hoje, em conferência de imprensa, o deputado regional
socialista Francisco César.A proposta de
decreto legislativo regional dá entrada hoje no parlamento açoriano e
prevê critérios para os operadores de TVDE na região, ou seja, para os
donos dos carros, para os motoristas desses veículos e para os
operadores da plataforma eletrónica.Segundo
o documento, os operadores de TVDE terão de se registar e ter sede na
região, sendo-lhes concedida uma licença válida durante cinco anos,
renovável de quatro em quatro.O
parlamentar destacou ainda que “a licença não pode ser transacionada, ou
seja, o objetivo é não ter, como acontece no continente, um custo das
licenças que é praticamente proibitivo e que é transacionado entre as
empresas, quase retirando capacidade de o negócio prosperar”.A
frota deve ter apenas “veículos ligeiros de passageiros com idade até
sete anos”, elétricos, com um máximo de nove lugares, e está sujeita a
“fazer inspeção anual”.Se a proposta for
aprovada, serão implementados um limite máximo de três carros por
operador e um contingente que limita o número de carros de TVDE a 5% do
total de táxis licenciados em cada ilha.Também
os motoristas estarão sujeitos a regras específicas para a região,
começando pela obrigatoriedade de fazer um “curso de formação específico
para a Região Autónoma dos Açores”, sendo que “quem tem um certificado
de motorista de táxi está dispensado”.Estes
trabalhadores devem “ter a escolaridade obrigatória”, não podem ser
simultaneamente motoristas de táxi e devem “ter idoneidade”, isto é, não
terem “sido condenados por crimes contra a vida, integridade física,
liberdade pessoal e sexual e de condução perigosa ou sob influência de
álcool e drogas”.Por outro lado, deve
haver um “contrato de trabalho com o operador”, uma vez que a “relação
entre operadores, donos de veículos, e trabalhadores é uma relação muito
precária” e os motoristas “não podem trabalhar mais de dez horas
consecutivas”, referiu ainda Francisco César.O
parlamentar esclareceu que esta medida é implementada sem prejuízo do
Código de Trabalho, mas quando os motoristas trabalham para duas
plataformas “a soma das duas empresas não pode ultrapassar dez horas”.Para
as plataformas eletrónicas, a grande diferença em relação à lei
nacional é a de que se devem registar na Direção Regional dos
Transportes e a taxa de mobilidade urbana proposta para a região está
entre os 0,5% e 4% da taxa de intermediação cobrada pelo operador.“Criámos
esta legislação com o objetivo de [dizer que] ela pode existir, esta
atividade, mas tem de ser sustentável de ponto de vista ambiental,
respeitar os direitos dos trabalhadores e garantir que esta nova
atividade não tem um impacto danoso na região”, declarou o deputado.Para
Francisco César, “esta é uma proposta equilibrada”, porque permite,
“por um lado, ter uma nova atividade, por outro lado, não se desregula o
mercado e essa atividade é sustentável do ponto de vista ambiental”.A
iniciativa “será sujeita ao parlamento” e o deputado espera ouvir
também “empresas da área e da concorrência para que possam dar o seu
contributo”.“Se for preciso, melhoramos a proposta”, admitiu.César
está “convencido de que o setor do táxi irá perceber que esta é uma
proposta sensata e que, inclusive, tem em conta a existência” da sua
atividade.