PS/Açores propõe “revogação” da cativação de 25% das verbas para investimento
7 de fev. de 2023, 18:29
— Lusa
O parlamentar
considerou que “não é normal, nem foi prática dos governos do PS,
ordenar uma cativação de 25% das verbas para investimento, muito menos
no primeiro mês do ano, apenas 15 dias após ter entrado em vigor o
Orçamento para 2023”.O responsável no
grupo parlamentar socialista pelas pastas das Finanças e Economia falava
em conferência de imprensa, na sede do PS/Açores, em Ponta Delgada.Carlos
Silva lamentou a forma “leviana” como a secretária regional do Turismo,
Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, abordou a matéria,
“ignorando os efeitos desastrosos para as famílias e para as empresas de
mais um corte brutal do investimento público, sobre um Plano e
Orçamento de austeridade que já não dava resposta às reais necessidades
dos açorianos". De acordo com uma carta a
que a Lusa teve acesso, o Governo dos Açores deu instruções a todos os
departamentos do executivo para cativarem 25% das despesas de
investimento no orçamento de 2023 que não sejam comparticipadas por
fundos comunitários.Berta Cabral disse na
sexta-feira, em sede de comissão parlamentar, que “sempre houve”
cativações orçamentais por parte dos executivos regionais e nacionais,
salientando que isso não vai impedir a execução das verbas orçamentadas.“Sempre
houve cativações, mas não sei se eram públicas ou não. Isso não vai
impedir executar as verbas orçamentadas”, afirmou Berta Cabral, em
resposta a uma questão colocada pelo deputado socialista Carlos Silva,
na comissão de Economia do parlamento regional.Carlos
Silva propôs ainda que “sejam dadas instruções para acelerar a
concretização do investimento público aprovado para proceder ao
pagamento imediato dos apoios e faturas em atraso às famílias e
empresas”.O PS/Açores vai avançar no
parlamento regional com uma proposta para que todos os concelhos da
região “sejam declarados como áreas territoriais beneficiárias da
redução de 30% da taxa de IRC [Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Coletivas], para efeitos do Estatuto dos Benefícios Fiscais”.“Esta
medida que o PS/Açores fez aprovar na República, ainda está por
regulamentar, por única e exclusiva responsabilidade do atual Governo
Regional”, apontou Carlos Silva.O
parlamentar referiu a “acentuada degradação das finanças públicas
regionais”, apontando um “buraco financeiro de 495 milhões de euros”.Carlos
Silva disse que “a taxa de execução do Plano anterior foi de apenas
66,2%, uma das mais baixas de sempre e que comprometeu o apoio às
famílias e às empresas”.De acordo com o
parlamentar, o Governo Regional “foi incapaz de investir na economia dos
Açores mais de 264 milhões de euros de investimento público prometido” e
“deixou de pagar às empresas apoios no valor de 60 milhões de euros”,
sendo que as taxas de execução do Plano de Recuperação e Resiliência
(PRR) “são anormalmente baixas”.O deputado
socialista salvaguardou que a região fechou o ano de 2022 com um défice
orçamental “superior a 148 milhões, o que representa um agravamento de
60% face ao ano anterior e um aumento de 350% face ao registado em
2019”, num quadro em que a média do endividamento do Governo Regional “é
o triplo do verificado pelos governos socialistas”.