PS/Açores pede intervenção do Governo "em diferendo" na greve da Atlânticoline
12 de abr. de 2024, 16:49
— Lusa/AO Online
“Passado
cerca de um mês desde o início da greve, está a tornar-se insustentável
assistir a este impasse nas negociações entre quem dirige aquela
empresa e o sindicato dos trabalhadores”, afirmam Mário Tomé e Marta
Matos, deputados socialistas no parlamento açoriano, citados em nota de
imprensa.Os parlamentares socialistas
sustentam que a situação "está a causar revolta" entre os passageiros,
designadamente aqueles que se deslocam diariamente entre ilhas para
realizar tratamentos médicos e por questões profissionais.“O
Governo Regional, enquanto acionista maioritário daquela empresa, tem a
obrigação de atuar e de intervir, em vez de se desresponsabilizar desta
situação, como temos vindo a assistir”, sustentam Mário Tomé e Marta
Matos.Os deputados socialistas açorianos
consideram que “o presidente do Governo Regional do PSD/CDS-PP/PPM não
pode, como fez recentemente, lavar as mãos em todo este processo” e
acusam o executivo de "insensibilidade perante os relatos e as
evidências".Na nota, Mário Tomé e Marta
Matos afirmam que muitos dos lesados “são pessoas idosas, com mobilidade
reduzida e saúde debilitada que se veem confrontadas com a incerteza
das suas deslocações”, o que “podem resultar em custos acrescidos para
as famílias que, ora veem impossibilitadas as suas deslocações ao
Hospital da Horta, ora têm custos acrescidos pela necessidade de
pernoita devido à greve”.Os deputados
apontam que a greve está a causar "graves transtornos" às empresas e ao
setor turístico e apelam ao Governo Regional para que lidere "um diálogo
eficaz" que permita "colocar um fim" a uma situação que se está "a
revelar cada vez mais insuportável, em vez de continuar a dar cobertura à
intransigência que não aponta a qualquer solução".Na
quarta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante,
Agências de Viagens, Transitários e Pescas alertou que a greve na
Atlânticoline "vai durar o tempo que tiver de durar" e insistiu na
intervenção do Governo dos Açores."Já se
esgotaram todas as situações. A administração não tem condições para
negociar connosco. Tem de vir outra pessoa. E o governo. A empresa é
propriedade do governo. Esgotaram-se todas as tentativas porque a
administração quer aquilo que não é possível", avisou o dirigente
sindical Clarimundo Batista em declarações à agência Lusa.O
alerta surgiu um dia depois de o presidente do Governo Regional ter
rejeitado "para já" qualquer intervenção do executivo açoriano no
processo negocial."Quando a própria
administração ou os sindicatos e o próprio governo no seu juízo sobre a
situação vir que é útil a sua intervenção, falo-á, mas, para já, (a
negociação) é no domínio da autonomia e independência da administração
de uma empresa do setor público com os representantes dos seus
trabalhadores", afirmou José Manuel Bolieiro.Segundo o sindicato, apenas estão a ser realizadas as viagens de serviços mínimos.A
greve começou em 07 de março e chegou a ser suspensa em 19 de março
devido às negociações entre o sindicato e a administração, mas foi
retomada e está agora marcada por tempo indeterminado.O
sindicato reivindica aumentos salariais de 15% para os “maquinistas de
primeira”, valor que a administração da empresa considera
financeiramente incomportável.O dirigente
sindical defende que o aumento proposto pela empresa é, na prática, "de
apenas 6%", já que a atualização das tabelas salariais para os
trabalhadores da empresa já previa outros aumentos para o corrente ano.Na
segunda-feira, a Atlânticoline garantiu que o conselho de administração
“continua empenhado na resolução deste impasse” e que está “consciente
dos graves constrangimentos que esta grave tem causado".A
empresa revelou ainda a intenção de solicitar à Secretaria Regional da
Juventude, Habitação e Emprego a conciliação do processo.A
Atlânticoline transporta anualmente quase meio milhão de passageiros e
cerca de 30 mil viaturas, sobretudo entre as ilhas do Triângulo (Faial,
Pico e São Jorge), onde opera todo o ano, com recurso a quatro
embarcações (dois navios e dois ferries).