PS/Açores insta Bolieiro a "quebrar o silêncio" e pôr "ordem" na mesa sobre SATA
10 de dez. de 2020, 14:36
— Lusa/AO Online
Em
conferência de imprensa realizada na cidade da Horta, o socialista
abordou as palavras de quarta-feira, hoje reiteradas, do secretário das
Finanças do executivo, Joaquim Bastos e Silva, e a resposta dada à
agência Lusa pela Comissão Europeia a propósito da investigação a
aumentos de capital na SATA.Bastos e Silva
reiterou ter como "dado adquirido" que a transportadora SATA tenha
de devolver à região 73 milhões de euros resultantes da investigação
comunitária a três aumentos de capital na empresa, mas o executivo
comunitário, à Lusa, sustentou que a investigação "continua"."O
que [Bastos e Silva] disse não corresponde à decisão da Comissão
Europeia pelo simples facto de que a Comissão Europeia ainda não tomou
uma decisão. E isto tudo foi feito com o objetivo de prejudicar o PS,
mas quem acabou por ser prejudicado concretamente foi a companhia aérea
e, por consequência, o povo açoriano", defendeu hoje Francisco César,
antigo líder parlamentar do PS no hemiciclo açoriano.Apelando
ao chefe do atual executivo regional (PSD/CDS/PPM), José Manuel
Bolieiro (PSD), para "quebrar o silêncio" e meter "ordem" na mesa, César
sustentou que "o que está em causa é demasiado importante" para alguém
"ceder à tentação de criar uma trica política"."Qual
a credibilidade que uma empresa como a SATA vai ter nas suas
negociações com as suas entidades bancárias quando o próprio secretário
regional das Finanças diz que a solução para a SATA é uma solução muito
difícil", questionou ainda o parlamentar do PS.Para
Francisco César, "não é admissível a ligeireza, má-fé e aproveitamento
político" tida por Bastos e Silva na sua "grave" intervenção sobre o
tema."O senhor secretário preferiu, após
reuniões tidas com a Comissão Europeia, confidenciais, de negociação,
atirar tudo isto ao ar e atacar o PS no parlamento", declarou ainda.Durante
o debate do Programa de Governo dos Açores, que arrancou na
quarta-feira no parlamento regional, o secretário das Finanças indicou
que os três apoios investigados pela Comissão Europeia, no valor de 73
milhões de euros, foram considerados "ajudas públicas ilegais" porque
"não obtiveram autorização prévia" da entidade.Posteriormente,
fonte do executivo comunitário referiu à Lusa que a investigação aberta
às ajudas à transportadora SATA "continua".Questionada
sobre o anúncio do Governo açoriano, Bruxelas sublinhou que a
investigação sobre "alguns apoios públicos à SATA continua"."Nesta
fase, não conseguimos prever em que momento [será revelado] e que
resultado terá a investigação. De acordo com a prática normal, a
Comissão está em contacto com Portugal e outras partes interessadas no
contexto da sua investigação em curso", prosseguiu a mesma fonte.Hoje,
no seguimento das palavras da Comissão, Bastos e Silva frisou que a
teleconferência em que lhe terá sido comunicada a posição de Bruxelas
teve 12 pessoas presentes e a indicação comunitária foi feita "para
ganhar tempo" e "não haver risco de interrupção do serviço da SATA", até
porque reestruturar a operadora sem esta devolver as ajudas em causa
"não é possível"."Bruxelas também está
preocupada com a SATA. (...) A comunicação formal [da obrigatoriedade da
devolução do dinheiro] far-se-á mais à frente, mas é um dado
adquirido", insistiu Joaquim Bastos e Silva.Em
meados de agosto, a Comissão Europeia deu ‘luz verde’ a um auxílio
estatal português de 133 milhões de euros à transportadora aérea
açoriana SATA, mas abriu uma investigação para avaliar o cumprimento das
normas comunitárias em três apoios públicos à companhia.As
dificuldades financeiras da SATA perduram desde, pelo menos, 2014,
altura em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo
Regional dos Açores começou a registar prejuízos, entretanto agravados
pela pandemia de covid-19.Foi devido a
essas dificuldades que a Região Autónoma dos Açores aprovou, desde 2017,
três aumentos de capital na companhia aérea, para colmatar carências de
liquidez.São estes apoios públicos que
Bruxelas investigou e definiu como ilegais, declarou hoje o secretário
regional do novo executivo açoriano com a tutela das Finanças.