PS/Açores insiste em conhecer plano de reestruturação da SATA
22 de fev. de 2023, 19:43
— Lusa
Em conferência de imprensa,
Carlos Silva referiu que, “relativamente ao plano de reestruturação
aprovado pela Comissão Europeia, o PS/Açores reitera o desafio para que o
Governo Regional torne públicos a versão integral, quer da decisão da
Comissão que aprovou o referido plano, quer a versão do próprio plano de
reestruturação”. Carlos Silva,
questionado sobre o eventual recurso aos eurodeputados socialistas para
questionar a Comissão Europeia sobre esta matéria, refere que "o grupo
parlamentar do PS/Açores [no parlamento regional] já realizou um
requerimento a solicitar informação sobre a decisão integral do
executivo comunitário, por diversas vezes".Mas
"a todos os mecanismos que estiverem disponíveis não se fechará
qualquer porta, apesar de preferir que seja o executivo açoriano a
avançar”, de acordo com o socialista.Segundo
Carlos Silva, desde que o atual Governo Regional está em funções, a
Azores Airlines, que assegura as ligações dos Açores com o exterior,
“acumulou prejuízos na ordem dos 94 milhões de euros, cerca de 4,5
milhões por mês”.O deputado do PS na
Assembleia Regional recordou que o executivo açoriano assumiu o
compromisso, através de uma Resolução de 2022, de avançar com uma
injeção de capital na SATA Air Açores de 114,5 milhões de euros, 82,5
milhões dos quais “através da conversão de um empréstimo concedido à
essa empresa em capital social, e 62 milhões através da entrada em
dinheiro”. “O cumprimento da mesma está
igualmente envolto numa névoa de falta de transparência, falta de
informação e muitas dúvidas”, segundo o deputado da oposição.O
deputado ressalvou que, de acordo com a página do Ministério da Justiça
relativa a registos e publicações de atos societários, “contrariamente
ao que foi anunciado pelo Governo Regional , em 2022, a SATA Air Açores
não teve qualquer aumento de capital social, mas sim contraiu dois novos
empréstimos, sob a forma de obrigações”, de 65 e 60 milhões de euros.“Apenas
em fevereiro deste ano, foi registado um único aumento de capital
social, por conversão de empréstimo já existente, e não por entrada de
dinheiro, no valor de 102.75 milhões de euros”, salvaguardou Carlos
Silva. Na sequência da admissão do
executivo açoriano de privatizar mais do que 51% do capital da Azores
Airlines, o deputado questiona: “Se o Governo Regional propôs à Comissão
a privatização de 51% como medida suficiente e adequada à
reestruturação da empresa, e esta aceitou e concordou com essa medida
como sendo adequada e suficiente, por que razão, com que fundamento e
com que base pretende agora o Governo Regional alienar mais do que
51%?”. De acordo com o parlamentar, se a
região tiver uma posição acionista inferior a um terço (33%) do capital
social, este facto “faz muita diferença no tipo de poderes e controlo
que tem quanto a decisões sobre o destino da empresa” Azores Airlines,
questionando-se sobre a “pressa em privatizar” em 2023 quando o
horizonte pode ser até 2025.A 13 de
fevereiro, o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro,
admitiu que o executivo pode privatizar mais do que 51% da companhia
aérea Azores Airlines, reiterando a necessidade de criar um “caderno de
encargos amigo do mercado”.“[A
possibilidade de privatizar mais de 51% da companhia] nunca ficou como
dúvida. Foi sempre uma clareza de comunicação por parte do governo
quando aprovou a resolução em Conselho de Governo sobre essa matéria”,
afirmou.A 20 de janeiro, o Governo
Regional revelou a intenção de concluir até outubro a negociação da
privatização da Azores Airlines (responsável pelas ligações entre o
arquipélago e o exterior), cujo caderno de encargos vai exigir a
manutenção dos postos de trabalho e as obrigações de serviço público.Em
junho, a Comissão Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa para
apoio à reestruturação da companhia aérea de 453,25 milhões de euros em
empréstimos e garantias estatais, prevendo ‘remédios’ como uma
reorganização da estrutura empresarial.“O
plano de reestruturação estabelece um pacote de medidas destinadas a
melhorar as operações e os horários da SATA, bem como a reduzir os
custos”, destacava Bruxelas na informação à imprensa.Estão em causa, explicava, estavam compromissos como o desinvestimento de uma participação de controlo (51%) na Azores Airlines.A
privatização vai ser realizada através de um concurso público
internacional, com a obrigação de “não se proceder a despedimentos
coletivos, nem à extinção de postos de trabalho” na companhia “durante
um período predefinido”, avançou o executivo regional em janeiro.As
dificuldades financeiras da SATA perduram desde pelo menos 2014, altura
em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo Regional dos
Açores começou a registar prejuízos.