PS/Açores diz que Governo Regional "está a asfixiar" a Cultura
19 de jul. de 2023, 15:41
— Lusa
“Este é
um despacho do qual desconhecemos o seu teor, uma vez que não se
encontra publicado em Jornal Oficial, em mais um exercício de falta de
transparência, no qual este Governo Regional do PSD/CDS-PP/PPM é useiro e
vezeiro. Nem sabemos que fundamentação legal permite à secretária
Regional da Educação e Assuntos Culturais decidir, nos termos em que
está a decidir, num claro confronto e desrespeito pelo setor da
Cultura”, apontou a deputada do PS/Açores Marta Matos.A
posição é manifestada numa nota de imprensa, na qual o PS/Açores
informa que a deputada socialista entregou, na Assembleia Legislativa,
um requerimento a questionar o Governo Regional sobre a "fundamentação
legal" do despacho da secretária da Educação.A
deputada alerta para "a constante asfixia" do setor da cultura na
região, frisando que "os sucessivos cortes no financiamento de
atividades culturais são decorrentes da degradação das finanças públicas
regionais" do Governo Regional de coligação.De
acordo com a deputada, em 2020, os apoios ao setor, com o Governo
Regional da responsabilidade do PS, "ascendiam a 2,7 milhões de euros e
tiveram uma execução de mais de 90%", mas este ano, com o Governo
Regional de coligação, “foram menos de 2 milhões de euros”, tendo sido
executados, até ao primeiro semestre do ano, “apenas cerca de 30%”. “Estes
são cortes transversais a todo o setor que têm sido denunciados pelos
diversos agentes culturais e cujos sucessivos atrasos fazem perigar o
cumprimento dos planos de atividades", alerta Marta Matos, lamentando "a
concordância e conivência do presidente do Governo”, o social-democrata
José Manuel Bolieiro. Este cenário
"agravou-se com o despacho da secretária regional da Educação e Assuntos
Culturais, datado de 3 de julho, no qual estabelece critérios de
atribuição dos montantes dos apoios às atividades culturais no ano de
2023, que determinam que, no máximo, os agentes culturais recebam 35% do
apoio solicitado”, aponta.Em 11 de julho,
a secretária da Educação e dos Assuntos Culturais, Sofia Ribeiro,
anunciou que a nova proposta para apoio às atividades culturais nos
Açores pretende implementar mecanismos mais célebres e introduzir maior
transparência na avaliação das candidaturas, criando uma comissão de
acompanhamento responsável por dar apoio em todo o processo.Numa
nota de imprensa, divulgada na ocasião, a secretária explicava que "foi
consensual" a necessidade de atualização da regulamentação do regime
jurídico, após "diversas iniciativas de articulação e de reflexão com os
agentes culturais das várias ilhas da região, sobre as dinâmicas de
promoção da Cultura nos Açores".De acordo
com a governante, no documento, a Secretaria Regional pretendeu impor
uma “maior adequação de calendarização do processo” para que “possa ser
mais célere e mais previsível”, garantindo “maior estabilidade para os
agentes culturais”.O documento permite “a
clarificação dos domínios e subdomínios” da candidatura, através de
dimensões e critérios “mais definidos”, para que os agentes que se
candidatem aos apoios do Governo “possam ficar mais cientes dos fatores
pelos quais as suas candidaturas vão ser avaliadas”, detalhou ainda.Propõe
que os apoios com programação regular anual ou plurianual sejam
destrinçados dos apoios de inovação, investigação e de cariz pontual,
propondo essa divisão “entre apoios sustentados e apoios singulares”.Faz,
também, uma majoração nos apoios cujas candidaturas sejam feitas “em
coprodução com outros agentes culturais regionais, nacionais e
internacionais”.