PS/Açores diz que declarações do secretário das Finanças sobre PRR são "falsas"
2 de set. de 2022, 08:10
— Lusa/AO Online
Na quarta-feira o secretário das Finanças dos
Açores, Duarte Freitas, afirmou que o PRR representa “zero euros” para
as autarquias regionais, mas assegurou que estas vão receber 160 milhões
de euros no quadro comunitário 2030.Segundo
o governante, que falava após uma reunião com a direção da Associação
de Municípios da Região Autónoma dos Açores (AMRAA), em Ponta Delgada,
“aquilo que foi desenhado pelo XII Governo dos Açores no PRR para as
autarquias representa zero euros”, sendo que o documento é “impossível
de alterar”.Já hoje, numa nota enviada às
redações, o vice-presidente do PS/Açores, Berto Messias, referiu que as
declarações de Duarte Freitas sobre a definição do Plano de Recuperação e
Resiliência para o arquipélago "não correspondem à verdade”.Berto
Messias assinala que o acordo do PRR e os contratos de financiamento
foram assinados em 02 de setembro de 2021, pelo atual Governo Regional
(PSD/CDS-PP/PPM), com a presença do seu presidente, José Manuel
Bolieiro, após nove meses da tomada de posse.A
"negociação do PRR foi, nesse período, realizada pelo atual governo,
sem qualquer condicionante ou limitação”, acrescenta o socialista.“O
atual Governo Regional teve nove meses para redefinir o PRR, definir
elegibilidades e definir prioridades como bem entendeu. Afirmar agora
que a culpa é do Partido Socialista e do anterior Governo [Regional] é
falso e uma forma lamentável de disfarçar a falta de visão estratégica
sobre o futuro dos Açores do atual Governo Regional”, acrescenta.Berto
Messias realça ainda que os municípios açorianos podem recorrer às
verbas nacionais disponibilizadas para as autarquias no âmbito do PRR."Aliás,
várias Câmaras Municipais açorianas estão a desenvolver esses processos
com sucesso e não concorrem nos Açores porque o atual Governo Regional
não quis”, lamenta Berto Messias, que é também deputado do PS no
parlamento açoriano.Sobre o Programa
Operacional 2030 do novo quadro comunitário, o socialista declara que as
verbas referidas pelo secretário das Finanças para as autarquias "não
constam na proposta de Programa Operacional do Governo Regional”.Segundo
os socialistas, na proposta de Programa Operacional "não constam 160
milhões de euros alocados às autarquias, mas, no máximo dos máximos,
terão acesso a 66 milhões de euros". "E,
mesmo assim, os seus projetos terão de concorrer com projetos de mais de
uma dezena de entidades, como o próprio Governo Regional, institutos e
empresas públicas, entidades públicas sem fins lucrativos, associações
de natureza científica ou empresas privadas", lê-se no comunicado.O
vice-presidente do PS/Açores recorda ainda que no mais recente Programa
Operacional as autarquias "tiveram cerca de 80 milhões de euros de
projetos aprovados”.Na quarta-feira, o
secretário regional das Finanças explicou que para "não atrasar" as
intenções do primeiro-ministro, António Costa, de Portugal ser o
primeiro Estado-membro a submeter a Bruxelas o PRR, o atual executivo
dos Açores “assumiu o que estava desenhado pelo 12.º Governo dos
Açores”, do PS.“Quando o XIII Governo dos
Açores entrou em funções já estava definido e desenhado o PRR dos Açores
e o primeiro-ministro António Costa quis que Portugal fosse o primeiro
país a entregar o documento, tendo a região e o atual Governo [Regional]
sido confrontados com o seguinte dilema: ou reviam o documento e faziam
com que Portugal e o primeiro-ministro não cumprissem o seu compromisso
público ou o aceitavam tal como tinha sido desenhado pelo XII Governo
Regional”, disse.Duarte Freitas
salvaguardou, contudo, que “no plano comunitário tudo é inegociável até
se começar a negociar, mas até hoje a situação é inegociável”.