PS/Açores disponível para diálogo com Governo Regional sobre transportes marítimos
9 de abr. de 2025, 17:10
— Lusa/AO Online
“É
imprescindível um sistema de transportes completo e eficiente, dotado
de infraestruturas e de meios que garantam a sua operacionalidade e
segurança e que, acima de tudo, seja capaz de servir os açorianos”,
disse o deputado socialista Lúcio Rodrigues na interpelação ao executivo
sobre transportes marítimos.Segundo o
parlamentar, “a alteração constante dos itinerários programados não
deixa ninguém da comunidade indiferente. Os atrasos são a regra e não a
exceção, e num mercado global cada vez mais exigente, quem nos governa
não pode continuar a assobiar para o lado, exigindo-se, no mínimo,
conhecimento e clarividência nestes momentos de decisão”.O
socialista disse que o partido assumiu o compromisso e a
disponibilidade para dialogar e analisar com o Governo Regional e com o
Governo da República, com o envolvimento de todos os partidos, um modelo
de transporte marítimo de mercadorias que “conjugue navios de maior e
de menor dimensão e as ligações ao exterior com as ligações interilhas”.No
transporte marítimo de passageiros o PS também manifesta diálogo “para
que se construa uma solução para responder às necessidades da época
alta, (…) para que se consolide a mobilidade interilhas”.À
disponibilidade do PS para o diálogo, a secretária regional do Turismo,
Mobilidade e Infraestruturas, Berta Cabral, respondeu que “será tida em
conta nas alturas em que se considerar oportuno”.A
governante disse que o transporte marítimo de mercadorias registou um
significativo aumento da movimentação de carga nos portos da região, que
em 2024 superou 2,7 milhões de toneladas, mas reconheceu que o sistema
logístico “tem problemas e ineficiências”.“Mas
estas questões não são novas, perduram há mais de três décadas, e,
infelizmente, têm sido intensificadas por fenómenos naturais e fatores
exógenos à Administração Regional. Os últimos invernos têm sido
extremamente rigorosos, em particular nestes últimos meses. Temos sido
confrontados com uma quantidade inusitada de fenómenos meteorológicos
extremos, como depressões, furacões e tempestades tropicais, que
condicionam muito o estado do mar e a estabilidade do abastecimento a
várias ilhas”, justificou.Berta Cabral
referiu alguns investimentos realizados, destacando 25,6 milhões de
euros em equipamentos portuários, a conclusão de empreitadas em
infraestruturas portuárias no valor de 92,5 milhões de euros e obras em
curso que totalizam mais de 50,3 milhões de euros.Durante
o debate foram feitas intervenções de várias bancadas parlamentares,
com Francisco Lima, do Chega, a perguntar por que razão “não há mais
ligações” marítimas no arquipélago e se o executivo tem algum plano para
a compra de barcos novos para transporte de passageiros.Em
relação ao transporte de carga, António Lima (BE), disse que são
conhecidos os problemas e que o relatório do regulador aponta para “uma
disfunção na operação”, sendo preciso “fazer alguma coisa”. No
transporte de passageiros apontou a falha nos concursos para compra de
navios elétricos e no regresso das ligações ao grupo Oriental.Catarina
Cabeceiras (CDS-PP) lembrou que o partido tem sido defensor de “uma
política de transportes robusta” que sirva todas as ilhas e o transporte
de mercadorias deve ser analisado e atualizado à dinâmica da economia.“É
precisamente pelo reforço do tráfego local que se combatem as
ineficiências da cabotagem insular”, defendeu o parlamentar da IL, Nuno
Barata, que falou dos transportes marítimos de mercadorias como sendo
“um ecossistema complexo”.Já o deputado do
PAN, Pedro Neves, perguntou pelos valores arrecadados pela ecotaxa
marítima, mas não obteve resposta, enquanto João Mendonça (PPM)
reconheceu o trabalho desenvolvido pela tutela no setor e em relação à
recuperação de infraestruturas portuárias danificadas pelo mau tempo.No
final da discussão, o líder parlamentar do PSD, Bruto da Costa, disse
que esperava ouvir uma proposta do PS, exceto a disponibilidade para o
diálogo.