PS/Açores defende Plano Estratégico de Reestruturação do Setor da Pesca
15 de out. de 2024, 14:41
— Lusa/AO Online
“Passar de uma cobertura
de menos de 10% de Áreas Marinhas Protegidas para 30% em poucos meses
exigia uma preparação que não foi realizada. Agora, é urgentemente
necessário um Plano Estratégico de Reestruturação do Setor da Pesca, com
um orçamento superior a 10 milhões de euros, para o período 2025 a
2030”, disse o deputado socialista Gualberto Rita, na Assembleia
Legislativa Regional, na Horta, no arranque do plenário deste mês, num
debate de urgência sobre o setor das pescas pedido pelo seu partido.“Esse
plano deve contemplar a cessação definitiva da atividade da pesca, com
um plano de abate de embarcações e artes de pesca, que tenha em
consideração as diferentes realidades de cada ilha e tipo de arte de
pesca e o segmento de frota”, defendeu.Na
opinião de Gualberto Rita, o plano “deve garantir dignidade tanto para
os que desejam continuar no setor, como para aqueles que pretendam sair,
oferecendo opções de reorientação profissional ou a criação de
rendimentos complementares ou alternativos à pesca”.A
modernização da frota no que diz respeito à eficiência energética, à
segurança e às condições de conservação do pescado a bordo, deve ser
outra das apostas.Segundo o socialista,
também é fundamental garantir a implementação de um plano “que ajuste o
número de pescadores, embarcações e o esforço de pesca às novas áreas
limitadas, evitando o risco de sobre-exploração”.No
debate de urgência sobre “Reestruturação e Modernização do Setor das
Pescas”, o parlamentar socialista lembrou que, em março de 2022, o
presidente do Governo Regional assegurou “que não
haveria a implementação de Áreas Marinhas Protegidas sem a existência de
um plano de reestruturação robusto, capaz de garantir a
sustentabilidade social e económica daqueles que desejassem cessar ou
manter a atividade, devido ao impacto que essas medidas poderiam ter em
todo o setor”.A 4 de abril de 2023, o
líder do Governo açoriano voltou a dizer que o executivo “estava focado
em aumentar produtividade, segurança e rendimentos no setor” e, no dia 3 de maio deste ano, o secretário Regional do Mar e das Pescas disse
que o Governo Regional “pretendia realizar um estudo que desse uma visão
clara de como é que o setor das pescas deve ser reestruturado”,
recordou Gualberto Rita.“Dois anos e meio
depois, o que constatamos é uma sucessão de reuniões sem resultados
concretos e que o Governo [Regional] ainda não dispõe de um plano
estratégico regional para o setor da pesca, nem de uma visão clara sobre
como implementá-lo e financiá-lo de forma eficaz”, disse.Na
semana em que os deputados da Assembleia Legislativa da Região Autónoma
dos Açores se preparam para votar alterações legislativas substanciais,
que visam implementar 30% de Áreas Marinhas Protegidas, o setor da
pesca “continua sem qualquer resposta às suas preocupações e
necessidades”, concluiu o parlamentar do PS.No
debate que se seguiu, Jaime Vieira (PSD) disse que o atual executivo
“está a desenvolver estratégias para todo o setor das pescas” se adaptar
ao futuro, “mas nunca esquecendo o presente”.Pelo
Chega, o parlamentar José Pacheco alertou que, quando se fala em abate
de barcos é “matar a pesca”, enquanto Nuno Barata (IL) alertou que o
debate sobre as pescas “está por fazer há 30 anos”.Já
o deputado António Lima (BE) referiu que o setor enfrenta dificuldades
que “têm vindo a permanecer e algumas a aumentar ao longo do tempo”.Catarina
Cabeceiras (CDS-PP) disse que o partido quer uma pesca que “possa dar
resposta aos desafios do futuro”, enquanto o deputado do PPM João
Mendonça lembrou que estão a ser feitas apostas no setor e dadas
respostas aos pescadores que pretendem continuar na atividade ou
encontrar alternativas.