Autor: Lusa
Em comunicado de imprensa, a líder da bancada parlamentar do PS nos Açores, Andreia Cardoso, lamentou que o executivo açoriano tenha decidido excluir as farmácias comunitárias da campanha de vacinação sazonal contra a gripe e a covid-19, ao contrário do que acontece em Portugal continental.
“Não faz sentido que os açorianos tenham menos direitos e menos acessibilidade do que os cidadãos no continente. O Governo Regional deve corrigir esta decisão e assegurar que as farmácias comunitárias participam na campanha, em benefício da população”, afirmou Andreia Cardoso.
Para Andreia Cardoso, esta opção do Governo Regional “prejudica os açorianos, ao limitar os locais onde a vacinação pode ser feita, quando as farmácias da região já manifestaram a sua total disponibilidade para colaborar e possuem profissionais capacitados para administrar vacinas em condições de segurança”.
“O PS/Açores considera incompreensível que, numa região marcada pela dispersão geográfica e por dificuldades de mobilidade, o executivo da coligação [PSD/CDS-PP/PPM] continue a desperdiçar os recursos existentes, recusando integrar as farmácias num esforço conjunto de saúde pública”, lê-se no comunicado.
Questionado pela Lusa, o diretor regional da Saúde dos Açores, Pedro Paes, justificou a decisão com o facto de o Serviço Regional de Saúde dar “uma resposta cabal às necessidades de vacinação” na região.
“O Serviço Regional de Saúde deu e tem dado resposta às campanhas de vacinação sazonal para a gripe e para a covid-19, pelo que mantivemos a estratégia dos anos anteriores”, apontou.
Pedro Paes salientou ainda que “foi efetuado um levantamento” e que havia “um processo logístico com custos associados que seriam imputados ao Serviço Regional de Saúde para a inclusão das farmácias”.
“Se houvesse necessidade seria uma das vias a seguir. Nós não detetámos essa necessidade”, reiterou.
O diretor regional da Saúde considerou ainda que não fazia sentido comparar com o que acontece no continente, porque “a Região Autónoma dos Açores tem uma diferença cabal do território nacional, seja pela insularidade, seja pela dispersão geográfica”.
A Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros (SRRAAOE) congratulou-se, em comunicado de imprensa, com a decisão da região de “garantir que todo o processo é assegurado exclusivamente por enfermeiros”.
“Nos Açores, a vacinação é um ato de cuidados de enfermagem. Comporta avaliação clínica, técnica rigorosa e acompanhamento de proximidade. É assim que se protege melhor cada pessoa e a nossa comunidade”, afirmou o presidente da secção regional da Ordem, Pedro Soares.
A campanha de vacinação contra a gripe e a covid-19 decorre nos Açores de 23 de setembro a 30 de abril.
“Continuamos a ter a expectativa de que o maior número de açorianos se vacine. Estamos a tentar chegar a todos e mantemos a premissa de que a vacinação é uma das principais estratégias de combate à doença grave e à infeção pelo vírus da gripe ou covid-19”, salientou o diretor regional da Saúde.
A vacinação contra a gripe é gratuita para pessoas com 60 ou mais anos, grávidas, crianças entre 6 e 24 meses, pessoas com patologias crónicas ou condições médicas e profissionais de saúde.
Já a vacina contra a covid-19 é administrada de forma gratuita a pessoas com 60 ou mais anos, grávidas, adultos com patologias de risco, crianças e jovens com condições de imunossupressão grave ou mediante avaliação clínica individual, pessoas em situação de sem-abrigo e profissionais de apoio, bem como a profissionais de saúde e de apoio a idosos.
Pedro Paes admitiu que as faixas etárias abrangidas pela vacinação gratuita possam vir a ser alargadas.
“Já adquirimos um número de vacinas que nos permite avaliar e se necessário abranger mais faixas etárias. A qualquer momento é-nos possível fazer um reforço de vacinas tanto para a gripe como para a covid-19”, adiantou.