PS/Açores aprova reforma curricular das escolas, apesar do voto contra de toda a oposição
6 de jun. de 2019, 09:45
— Lusa/AO Online
O objetivo do diploma é
transferir mais competências para cada unidade orgânica, em matéria de
gestão curricular, atribuindo às escolas dos Açores autonomia na
escolha, por exemplo, da duração das aulas e da gestão de algumas
disciplinas, uma solução já adotada nalguns estabelecimentos de ensino
do arquipélago, no atual ano letivo, mas apenas de forma experimental."A
nova legislação será aplicada gradualmente, contemplando no próximo
ano, apenas o pré-escolar, o 1.º, o 5.º e o 7.º ano de escolaridade",
explicou Avelino Meneses, secretário regional da Educação e Cultura,
durante a apresentação da proposta em plenário, recordando também que os
professores "têm sido alvo de uma aturada e especializada formação, que
os habilita para a aplicação dos novos normativos".Apesar
disso, a maioria das escolas que emitiu parecer sobre esta proposta,
contesta o ‘timing’ do diploma, que será publicado em período de férias
escolares, para poder entrar em vigor já no próximo ano letivo, sem que
possa haver a devida discussão e análise entre a comunidade educativa.O
titular da pasta da Educação justificou a "pressa" em votar a reforma
curricular no arquipélago, com a necessidade de "alinhar" o sistema
educativo nos Açores e o comportamento quotidiano dos agentes educativos
nas escolas, "com aquilo que se faz no exterior e que é considerado
mais adequado aos tempos que correm".Apesar
disso, todos os partidos da oposição com assento parlamentar (PSD, CDS,
BE, PCP e PPM), votaram contra a proposta do Governo socialista, alguns
por discordarem das alterações introduzidas na gestão dos currículos,
outros por entenderem que o assunto merecia uma discussão mais
"aturada".João Paulo Corvelo, deputado do
PCP, criticou a forma como a maioria que suporta o Governo, geriu este
processo, decidindo "contra" a posição da própria comunidade educativa:
"quem quer governar não pode ter esta postura. Decidir sozinho não é
governar, é impor a sua vontade".Também
Paulo Estêvão, do PPM, foi muito crítico em relação a esta reforma, que
considerou mesmo poder representar "uma tragédia para o sistema
educativo açoriano"."Isto vai provocar
conflitos nas nossas escolas, vai provocar um arranque de ano letivo
muito problemático e todos os problemas que vamos ter são da inteira
responsabilidade do PS e do Governo", acusou o deputado monárquico.Jorge
Jorge, deputado da bancada do PSD, lamentou a forma apressada com o
Governo socialista quis implementar esta reforma, mas também contestou o
tipo de autonomia proposto pelo executivo, que alegadamente "passa a
responsabilidade para a comunidade educativa e desresponsabiliza a
Secretaria e a Direção Regional da Educação".Já
Paulo Mendes, do Bloco de Esquerda, lamentou que a comunidade educativa
não tenha tido "tempo para fazer uma apreciação mais rigorosa e
aprofundada desta proposta", acusando o proponente de utilizar esse
"expediente" para encerrar o processo sem ouvir todos os intervenientes.Para
Alonso Miguel, da bancada do CDS, a decisão mais acertada, por parte do
Governo, teria sido a de fazer baixar o diploma à Comissão de Assuntos
Sociais, "para que houvesse oportunidade de ouvir a comunidade escolar"
antes da aprovação do documento, manifestando estranheza pelo facto do
PS ter chumbado essa solução.Sónia
Nicolau, deputada da bancada do PS, explicou que o seu partido votou a
favor da reforma curricular para poder "garantir a diferenciação
pedagógica" nas escolas açorianas e para poder conceder a cada unidade
orgânica a "autonomia" que necessitam para poderem gerirem os seus
currículos escolares.