PS/Açores aponta problemas nas escolas e executivo diz que trabalha diariamente para resolver
15 de out. de 2025, 17:13
— Lusa/AO Online
“Vivemos
mais um início de ano letivo nos Açores marcado por atrasos, improvisos
e uma preocupante ausência de planeamento estratégico por parte deste
Governo Regional [PSD/CDS-PP/PPM]”, disse a deputada do PS Marlene
Damião numa declaração política proferida no plenário regional, na
cidade da Horta, na ilha do Faial.Segundo
Marlene Damião, o arranque do ano letivo na região, “em vez de ser um
momento de confiança e estabilidade para a comunidade educativa,
transformou-se num espelho das fragilidades estruturais e da
desorganização política que hoje caracterizam a ação governativa na área
da educação”.A parlamentar deu depois
vários exemplos, a começar pelo atraso na entrega dos manuais digitais,
que considerou “um símbolo da incapacidade de execução” do executivo,
indicando que há alunos que “não têm manuais digitais e nem têm manuais
em papel”.A falta de professores é “outro
problema estrutural que se agravou”, salientou, apontando que o ano
letivo também se caracteriza por “uma significativa lacuna ao nível do
número de bolseiros ocupacionais”.“Outro dos grandes fracassos deste Governo é a ausência de uma política de intervenção nas infraestruturas escolares”, disse.No
debate, o parlamentar do Chega, José Pacheco, fez uma analogia entre
“mudar um pneu com um carro em andamento, que é difícil”, e apontou que a
educação é um desses casos: “Nós não podemos parar as escolas e
resolver os problemas e depois continuar”.Pacheco
reconheceu que o executivo açoriano está a conseguir intervir em
algumas coisas e em outras não, “porque é difícil, porque o carro está
em andamento”. António Lima (BE) salientou
que grande parte dos problemas identificados nos últimos anos no ensino
são recorrentes e “não é por falta de alertas”.Na
sua opinião, a introdução de manuais digitais é “uma experiência que
serve apenas para gastar o dinheiro do Plano de Recuperação e
Resiliência (PRR), sem ter em conta aquelas que são as necessidades dos
alunos”.Também disse que são necessários
incentivos à deslocação de professores e que o BE irá apresentar uma
proposta para igualar o apoio que é dado na República.Pelo
PSD, a deputada Delia Melo disse que o partido rejeita “liminarmente as
declarações alarmistas” da oposição, pois há indicadores que referem o
contrário.“Se falarmos na taxa de abandono
precoce na educação e formação, quando este Governo tomou posse [em
2020] nós tínhamos uma taxa de 27% e desceu para menos de 20% com as
políticas deste Governo Regional”, disse.Referiu
também que o executivo tem trabalhado para resolver vários problemas na
região e vai continuar a fazê-lo, recordando, no entanto, que alguns
não foram resolvidos quando os socialistas estiveram no Governo.O
deputado Nuno Barata (IL) admitiu que a educação é “um assunto,
infelizmente, recorrente” e “não se resolve com recurso à chicana
parlamentar”.Salientou, entre outros
aspetos, que a colocação de professores é um problema difícil de
abordar, mas em relação aos manuais escolares digitais há “uma enorme
responsabilidade do Governo” porque assumiu essa aposta. Por
fim, Pedro Neves (PAN) disse que aquilo que mais o preocupa “tem a ver
com a suposta redução de 12,1 milhões de euros para a Secretaria da
Educação” no Orçamento Regional para 2026.O
deputado espera que, por parte do executivo, “haja a melhor explicação
de sempre”, por a educação ser um dos “pilares mais importantes”, a par
da saúde.Por parte do Governo, a
secretária regional da Educação, Sofia Ribeiro, começou por lamentar a
“arrogância” com que no plenário “se expressou que o Governo não quer
ouvir”, indicando as várias iniciativas já tomadas.Depois
de referir que o executivo herdou uma situação “muito complexa de
degradação do parque escolar”, salientou que fez “intervenções de fundo”
em apenas cinco anos e tem tomado medidas para solucionar problemas
como a falta de professores, de assistentes e bolseiros operacionais.“Mundo
perfeito não existe. Agora, com toda a humidade vos digo e aqui assumo.
Diariamente nós trabalhamos, em articulação com os nossos conselhos
executivos […] de Santa Maria ao Corvo, para identificarmos e, acima de
tudo, resolvermos os problemas”, concluiu.