PS/Açores alerta para dúvidas sobre criação de áreas protegidas marítimas
17 de out. de 2023, 06:13
— Lusa/AO Online
“A
expressão mais utilizada é que isso é um salto no escuro porque não se
conhece, ou pelo menos não foi apresentado, uma avaliação do impacto
económico e social sobre a atividade da pesca”, afirmou Vasco Cordeiro,
no final de um encontro com a direção da Associação de Produtores de
Espécies Demersais dos Açores (APEDA), na Horta, na ilha do Faial.Vasco
Cordeiro, que é também o líder do PS/Açores, lembrou que “este é um
processo que não é novo, que se iniciou em 2019”, quando liderava o
executivo regional, embora em termos diferentes, com 15% de áreas
marinhas protegidas pelo período de três anos.Agora,
o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) e o programa Blue Azores
estabeleceram como objetivos implementar, no âmbito do processo, “30% do
mar dos Açores com pelo menos 15% da área totalmente protegida até
final de 2023”.Em julho, o coordenador do programa
Blue Azores, Luís Bernardo Brito e Abreu, realçou que a nova rede de
áreas marinhas protegidas, que vai abranger 30% do mar da região,
resultou de um “diálogo permanente” com pescadores e setores ligados ao
oceano.Ainda em julho, o executivo
regional anunciou que tinha enviado para consulta pública a anteproposta
do decreto legislativo regional que estrutura a rede de Áreas Marinhas
Protegidas dos Açores.Contudo, segundo
Vasco Cordeiro, após o contacto com a APEDA, bem como com base em
“vários contactos que têm existido”, percebe-se que existe uma “grande
preocupação” sobre esta matéria.Segundo o
deputado regional, “desconhece-se qual o regime de eventual compensação
financeira devido ao fecho de várias zonas que são tradicionalmente de
pesca” e não existe, “pelo menos da parte dos que estão mais envolvidos,
um conhecimento claro da componente científica a partir da Universidade
dos Açores”.De qualquer forma,
acrescentou, o PS vai aguardar que a proposta de diploma que cria as
áreas marinhas protegidas suba a plenário do parlamento regional.“O
que me parece é que da forma como isso está a ser feito são maiores as
dúvidas, as incertezas e os receios do que propriamente aquilo que se
sabe”, afirmou o deputado, admitindo que “é com apreensão que se vê este
processo”, embora se “comungue com o objetivo da proteção”.Na
semana passada, a Federação de Pescas dos Açores (FPA) entregou na
Assembleia Legislativa uma petição com 1.768 assinaturas a defender mais
tempo para analisar, em termos sociais e económicos, o impacto das
áreas marinhas protegidas.A petição tem
como primeiro subscritor o armador e presidente da Associação de
Produtores de Espécies Demersais dos Açores (APEDA), Jorge Gonçalves, e
como peticionários armadores e pescadores da região, entre outros
interessados.