Autor: Lusa/AO Online
Como está em causa o interesse dos Açores, Francisco César disse aos jornalistas que o partido “aguarda, de uma forma serena, pelo Orçamento e pelo Plano de Investimentos para se pronunciar em relação ao sentido de voto sobre o mesmo”.
O líder do PS açoriano falava no Palácio de Sant’Ana, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, após uma audiência com o presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, no âmbito do processo de auscultação sobre as antepropostas de Plano e Orçamento Regional para 2026.
“O PS não é um partido que arranje problemas, é um partido que ajuda a resolver problemas. Somos um partido de responsabilidade e cujo interesse público é verdadeiramente o nosso único objetivo”, justificou.
Também referiu que o partido “vai ver o Orçamento e vai ver, efetivamente, se ele cumpre um conjunto de matérias” que considera fundamentais.
“Há cerca de um ano, exatamente aqui, nós colocámos 11 medidas que eram fundamentais para aprovar o Plano e o Orçamento. Nenhuma ou quase nenhuma destas medidas foram aprovadas. Curiosamente, um ano depois, a maior parte destas medidas constam do Orçamento, ou vão constar do Orçamento” afirmou.
Segundo Francisco César, os socialistas vão analisar o documento e verificar se efetivamente “mantém um conjunto de prioridades”, sendo a primeira, o equilíbrio das contas públicas, a segunda a capacidade de execução de fundos comunitários e a terceira a “capacidade de atender aquelas que são as prioridades da região”, relacionadas com manutenção de investimentos públicos nas áreas da economia, saúde, agricultura, pescas e habitação.
“Se estes pressupostos se mantiverem, o PS irá ponderar o seu sentido de voto”, disse, salientando que o partido tem a postura que “sempre teve”: “Nós não somos um partido de protesto que gosta de falar alto apenas para a comunicação social”.
“O PS não é o Chega. Vamos ser claros. O PS é um partido que se preocupa com a região e com o interesse regional. Se o interesse regional implicar - e obviamente houver resposta nesse sentido -, que o PS garanta a estabilidade política, o PS irá garantir a estabilidade política”, garantiu.
Para o líder do PS açoriano “há valores que estão acima daquilo que é o interesse partidário imediato”.
“E nós temos que ter a coragem de o fazer em determinados momentos, tal como temos a coragem em determinados momentos de dizer que não. Já o fizemos do passado, mas às vezes também é preciso ter coragem de dizer que sim”, concluiu.
O líder do PS açoriano também se mostrou preocupado com um conjunto de anúncios feitos pelo Governo Regional, com “consequência na vida das pessoas”.
Acrescentou que os Açores estão com um ciclo económico muito positivo e que a economia cresce devido ao aumento do consumo interno e ao aumento do turismo.
Salientou ainda que a região tem “um problema muito grave de despesa pública” e que a execução dos fundos comunitários “já poderia estar mais avançada, quer ao nível do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], quer ao nível do [programa] Açores 2030”.
O Plano e o Orçamento dos Açores para 2026 vão ser discutidos e votados na Assembleia Regional em novembro.
O executivo saído das eleições legislativas antecipadas de 04 de fevereiro de 2024 governa a região sem maioria absoluta no parlamento açoriano e, por isso, necessita do apoio de outro partido ou partidos com assento parlamentar para aprovar as suas propostas.
PSD,
CDS-PP e PPM elegeram 26 deputados, ficando a três da maioria absoluta.
O PS é a segunda força no arquipélago, com 23 mandatos, seguido do
Chega, com cinco. BE, IL e PAN elegeram um deputado regional cada,
completando os 57 eleitos.