PS/Açores acusa Governo Regional de aumentar dívida "ficticiamente"
20 de mai. de 2022, 10:33
— Lusa/AO Online
“O
Governo Regional, não satisfeito com o montante real, demonstrado por
todas estas entidades, pretendeu acrescentar mais 1.200 milhões de
euros, tentando aumentar, ficticiamente, em cerca de 50%, o valor da
dívida face à realidade”, afirmou, o membro do secretariado regional do
PS, Sérgio Ávila, numa conferência de imprensa em Angra do Heroísmo.O
secretário regional das Finanças, Duarte Freitas, disse, a 12 de maio,
no parlamento açoriano, que, no final de 2020, “a soma das
responsabilidades financeiras futuras” da região totalizava “quase 3.600
milhões de euros”.Sérgio Ávila, que
tutelava a pasta das Finanças no anterior Governo Regional, alega que a
dívida pública da região, reconhecida pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE), pelo Banco de Portugal, pelo Eurostat e pelo Tribunal
de Contas, é de 2.405 milhões de euros e que esse valor já tinha sido
divulgado “há mais de um ano”.O dirigente
socialista acusou o executivo da coligação, que tomou posse em novembro
de 2020, de criar um “novo critério de dívida pública, diferente do que
determina a lei e diferente do que é usado em todo o mundo”, para
“tentar encontrar razões e desculpas para não cumprir as promessas que
tem feito”.“Como não tinha nada de novo
para apresentar ou dizer, o Governo limitou-se a fazer uma encenação,
somando o que não podia ser somado e até chegando a somar duas vezes a
mesma realidade”, apontou.Segundo Sérgio
Ávila, o Governo Regional não pode somar à dívida pública os 604 milhões
de euros referentes às Parcerias Público-Privadas (PPM), porque
despesas que só irão ocorrer no futuro “não são consideradas dívidas em
nenhuma parte do mundo”.“Se assim fosse,
também teriam de incluir como dívida pública os ordenados de todos os
funcionários públicos que estão nos quadros de pessoal da região até à
sua idade de reforma”, avançou, dando ainda como exemplo a renda a pagar
no futuro por imóveis.O ex-governante
considerou igualmente que foram “somados indevidamente” 251 milhões de
euros referentes a responsabilidades de empresas que o INE considera
terem “capacidade e meios próprios para pagar as suas
responsabilidades”, estando, por isso, “fora do perímetro de
consolidação orçamental”.Por outro lado,
acusou o Governo Regional de juntar às responsabilidades dessas empresas
o “valor de responsabilidades futuras que a região tem para essas
empresas, duplicando o mesmo valor”.O
dirigente socialista salientou que a dívida pública dos Açores, no final
de 2020, representava 57% do Produto Interno Bruto (PIB) regional,
“valor muito inferior às metas definidas pela Europa para 2030" (60% do
PIB) e “menos de metade” da dívida da Madeira face ao PIB (114,5%) e da
dívida do país (135%).Sérgio Ávila disse
que, entre 2014 e 2019, a dívida da região cresceu 5% do PIB (0,9% por
ano) e que só cresceu 14% do PIB em 2020 “por questões extraordinárias
derivadas da covid, das medidas excecionais criadas para o efeito, da
redução substancial das receitas e do PIB”, que não foram compensadas
por “fundos comunitários específicos”.“Mesmo
que o total da dívida pública, no final de 2020, fosse atribuída aos 24
anos de governos do PS, a dívida pública seria, em média, por ano, 100
milhões de euros, menos de metade do aumento da dívida pública contraída
pelo novo Governo de coligação, apenas nos dois primeiros anos de
governação, 215,8 milhões de euros”, afirmou.